Produtores de Vilhena (RO), na região do Cone Sul, estão colhendo café clonal pela primeira vez no município. De acordo com a Associação de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Rondônia (Emater-RO), a cidade não tem tradição de produzir o grão, mas a colheita está mostrando que é possível inserir a cultura nas propriedades.
O produtor João Batista Chagas, de 33 anos, produz hortaliças e, há dois anos, aceitou o desafio da Emater-RO de plantar café clonal. Ele conta que tinha vontade de trabalhar com o café, mas acreditava que as características de Vilhena, como o solo e o clima, impossibilitavam a produção.
“Pensei que Vilhena não dava café. Quando plantei as 5 mil mudas, achavam que eu era doido. E agora, a gente viu que é possível produzir café aqui. Se continuar assim, penso em deixar as hortaliças”, explica João.
O produtor João Aparecido Barboza, de 58 anos, trabalha com hortaliças há mais de 10 anos e está vendo no café clonal uma nova possibilidade de cultura. Ele plantou 1 mil mudas da espécie. “Tem que adubar bem a terra, mas produzimos bem. Agora vamos avaliar sobre as nossas produções”, diz.
Conforme a Emater-RO, ao todo, são cerca de 40 hectares de café plantados na cidade; 30 deles da espécie clonal. Embora seja uma produção pequena, a associação acredita que a colheita está servindo para “quebrar paradigmas” na cidade.
“Havia uma tradição de que o município de Vilhena não poderia produzir café, por causa do clima, solo e altitude. Mas mudanças no sistema de produção, entre elas, adubações mais profundas, mostram que é possível. Estamos conseguindo, aos poucos, demonstrar que esse café pode ter muita produtividade”, enfatiza o engenheiro agrônomo Maciel Lemos.
Segundo a Emater-RO, nesta colheita, a média de produção está sendo de 50 sacas por hectare. O grão deve ser beneficiado em Cacoal (RO), pois Vilhena ainda não tem estrutura para o processo.
“Esta colheita são de plantas com dois anos. No terceiro ano, acreditamos em 100 sacas por hectare. Ano que vem a expectativa é que as áreas de café cresçam exponencialmente no município”, enfatiza o engenheiro.
Fonte: G1/RO
Fotos: Foto: Eliete Marques/G1