Vilhena possui 97,9% de água tratada, ou seja, quase toda a população tem acesso à água potável
O estado de Rondônia coleta apenas 3,5% do esgoto produzido pela população, segundo o estudo de Saneamento Básico de Rondônia realizado pelo Instituto Trata Brasil em 15 municípios do estado. O índice é ainda pior em Porto Velho, onde apenas 2% é captado; todo o resíduo da capital é descartado in natura no Rio Madeira. A pesquisa aponta ainda um dado preocupante, em 2007 apenas 58,1% da população do estado possuía acesso a água tratada, já em 2014 o número caiu para 41,01%.
A presidente da Companhia da Água e Esgoto de Rondônia (Caerd), Iacira Azamor, reconhece que a capital ainda é deficitária em saneamento básico. “O esgoto realmente não é tratado e acaba sendo jogado in natura no Rio Madeira. Mas a partir de setembro iniciarão as obras das Estações de Tratamento de Esgoto e ao fim da construção, 50% do esgoto já estará sendo tratado em Porto Velho”, explica.
O estudo “Saneamento Básico de Rondônia: Deficiência no acesso a água tratada e esgotos nas maiores cidades são críticos para a saúde de todos” foi apresentado pelo Instituto Trata Brasil na manhã desta quarta-feira (10) no auditório do Ministério Público (MP) em Porto Velho.
De acordo com a pesquisadora do instituto, Aline Baldez, o estudo iniciou há seis meses e analisou dados do Ministério das Cidades entre 2007 e 2014. Segundo Baldez, Porto Velho não possui um plano de saneamento básico apresentado à sociedade.
“Apenas as cidades de Ariquemes, Pimenta Bueno, Ji-Paraná, Rolim de Moura, São Miguel do Guaporé, Nova Mamoré e Espigão d’Oeste possuem um plano de coleta de esgoto e água tratada, o que apontou que apenas 2% do esgoto de Porto Velho é tratado, tornando a cidade a penúltima no ranking das 100 maiores cidades do país. Ou seja, a probabilidade de doenças chegarem a população é grande”, explica Baldez.
As principais doenças causadas pela falta de saneamento básico são diarréia, dengue e leptospirose. Em 2014, foram registrados 134 casos de leptospirose, doença causada pela urina do rato, devido a cheia histórica do Rio Madeira que fez com que mais pessoas entrassem em contato com a água contaminada; duas pessoas morreram da doença.
Segundo o estudo, dentro das cidades estudadas, a que possui melhores dados de saneamento básico é Cacoal. “Essa cidade possui 42% de água tratada e 25% do esgoto coletado, o restante é jogado ao ar livre. São números pequenos, mas já faz uma diferença. Vilhena possui 97,9% de água tratada, ou seja, quase toda a população tem acesso à água potável”, relata Baldez.
Outro ponto alarmante que o estudo mostra é sobre a quantidade de desperdício de água; em Porto Velho, a cada mil litros de água que sai da estação de tratamento, apenas 300 chegam as casas, de acordo com o estudo.
A pesquisa irá apontar ainda, recomendações para os gestores do saneamento no estado como as prefeituras, o governo do estado, o MP e a Caerd para que medidas sejam tomadas e a população tenha acesso a uma água e coleta de esgoto.
Participaram do estudo os municípios: Alta Floresta do Oeste, Ariquemes, Cacoal, Espigão D’Oeste, Guajará-Mirim, Jaru, Ji-Paraná, Machadinho D’Oeste, Nova Mamoré, Ouro Preto do Oeste, Pimenta Bueno, Porto Velho, Rolim de Moura, São Miguel do Guaporé e Vilhena, 12 dos 15 municípios são operados pela Caerd os demais são de outra empresa.
Fonte: G1