O governador de Rondônia, Marcos Rocha (União Brasil), acusou publicamente seu vice, Sérgio Gonçalves, de traição durante discurso realizado em Guajará-Mirim no último fim de semana. A declaração ocorreu após o retorno de Rocha ao Brasil, depois de permanecer retido por mais de 20 dias em Israel, em razão do fechamento do espaço aéreo provocado pelo conflito entre Israel e Irã.
Segundo o governador, enquanto enfrentava a crise no Oriente Médio, o vice teria articulado nos bastidores para impedir a realização de uma sessão na Assembleia Legislativa de Rondônia (ALE-RO) que autorizaria sua permanência fora do país. A ausência superior a 15 dias sem aprovação legislativa pode ser interpretada como abandono de cargo, de acordo com a Constituição Estadual.
“É gente que tirei do buraco, que estava falida, que eu estendi a mão”, afirmou Rocha, sem mencionar diretamente os nomes de Sérgio Gonçalves e de Júnior Gonçalves, ex-chefe da Casa Civil e irmão do vice. Em outro trecho do discurso, o governador chegou a declarar que “queriam que morrêssemos em Israel”, sugerindo que houve tentativa de tomar o cargo de forma definitiva.
A viagem de Marcos Rocha teve início no dia 6 de junho de 2025, como parte de uma missão oficial do Consórcio Brasil Central, com foco em tecnologia agrícola, segurança e inovação. No entanto, os ataques entre Israel e Irã levaram ao fechamento de aeroportos e cancelamentos de voos, o que impediu o retorno imediato da comitiva brasileira. Durante o período, Rocha divulgou vídeos relatando momentos de tensão em bunkers, enquanto sua esposa Luana tranquilizava a população sobre sua segurança.
O episódio gerou forte repercussão nas redes sociais e na imprensa de Rondônia. Internautas se dividiram entre críticas à condução da viagem internacional e apoio ao governador diante das dificuldades enfrentadas. A ausência prolongada reacendeu debates sobre a legalidade de sua permanência fora do país sem aval da ALE-RO.
A crise expõe um racha interno no União Brasil de Rondônia. Além das declarações públicas, há divergências políticas envolvendo o controle do partido no estado, atualmente sob liderança de Júnior Gonçalves. A tensão entre Rocha e Sérgio pode afetar as articulações para as eleições de 2026, quando o atual governador é apontado como possível candidato ao Senado.
Até o momento, o vice-governador Sérgio Gonçalves não se pronunciou oficialmente sobre as acusações. Nos bastidores, aliados de ambos buscam conter os efeitos políticos do embate, mas a disputa interna segue como um dos principais focos da política estadual.
Folha de Vilhena