O suspeito de matar a namorada de 17 anos a facadas foi indiciado por homicídio qualificado e ocultação de cadáver pela Polícia Civil de Cerejeiras (RO). Conforme investigações, Ismael da Silva e o primo dele, Diego Parente, atraíram Jéssica Moreira Hernandes até uma casa no intuito de descobrir se ela havia traído o suspeito com outro e depois a mataram, em abril deste ano.
Segundo a Polícia Civil, ao chegar na residência Diego convidou Jéssica para a cozinha e a deixou sentada de costas para onde Ismael ficaria ouvindo a conversa. Na ocasião, o primo do suspeito disse à vítima que tinha provas de uma suposta traição de Ismael, mas para mostrá-las a jovem teria que confessar a verdade sobre o relacionamento dela.
Em dado momento Jéssica afirmou ter traído Ismael, que rapidamente saiu do esconderijo e atacou a namorada com uma barra de ferro. A jovem acabou desmaiando e, após levar a adolescente a um cômodo e ela começar a recuperar os sentidos, Ismael a esfaqueou nas costas e garganta.
O corpo de Jéssica foi encontrado na beira de uma estrada quatro dias depois. Ismael e o primo foram presos após o corpo ser achado e permanecem na Casa de Detenção do município.
A conclusão das investigações por parte da Polícia Civil foi remetida ao Ministério Público de Rondônia (MP-RO) no começo desta semana.
O delegado responsável pelo caso, Rodrigo Spiça, explica que as investigações apontaram a participação dos dois homens no crime. Ele reitera que alguns laudos ainda não foram concluídos, e devem ser remetidos direto ao MP-RO.
Spiça ainda ressalta que pediu a conversão de prisão temporária para preventiva de Ismael e Diego, também na última segunda-feira (19). Ele diz que o judiciário avalia a solicitação e que a resposta deve ser emitida ainda nesta terça-feira (20).
Ismael e Diego foram indiciados por homicídio com quatro qualificadoras: motivo fútil, meio cruel, recurso que dificultou a defesa da vítima e crime contra mulher – feminicídio. Além disso, os dois foram indiciados por ocultação de cadáver, visto que Jéssica foi encontrada após quatro dias de desaparecida, na zona rural do munícipio.
Defesa
A advogada Sara Eugênio de Souza, que defende Ismael, diz que pediu a revogação da prisão e aguarda a resposta do judiciário. Ela salienta ainda que espera a conclusão de laudos periciais para pedir um habeas corpus. “Não tem nada nos autos que prove a culpa do meu cliente, somente a versão do primo, que é contraditória. Tenho certeza que vamos provar a inocência de Ismael”, enfatiza.
O advogado Fernando Milani e Silva, que representa Diego, afirma que o cliente admitiu que comprou a lona com o dinheiro de Ismael, pegou uma caminhonete emprestada e ajudou a embalar o corpo. Diego ainda confessou que limpou o sangue da casa e jogou a bicicleta da vítima dentro do poço. Mas ele nega qualquer envolvimento no assassinato e na ocultação do cadáver.
“Ele ajudou porque foi constrangido por Diego. Ele diz que nunca faria uma coisa dessas, tanto que contou tudo logo em seguida para polícia. Ele começaria a trabalhar no dia em que foi preso, tinha uma vida tranquila. Ele diz que foi o Ismael que matou e que escondeu o corpo”, explica o advogado.
Silva ressalta que avalia os resultados da investigação, e também aguarda o resultado de laudos para tomar as medidas necessárias no processo.
Relembre o caso
Jéssica saiu de casa de bicicleta no dia 20 de abril deste ano. Ela ficou desaparecida por quatro dias e a família mobilizou a cidade em busca de informações. A população fez diversas postagens e compartilhamentos em redes sociais em busca da jovem.
A garota foi encontrada morta no dia 24 do mesmo mês, na Linha 4, zona rural de Cerejeiras. No dia seguinte, o namorado Ismael e o primo dele, Diego, foram presos temporariamente por envolvimento no crime. A mulher de Diego também chegou a ser presa, mas foi liberada por falta de provas.
Diego contou à Polícia Civil que Ismael era um namorado extremamente ciumento, e estava desconfiado da infidelidade de Jéssica. Por conta disso, o chamou para fazerem um teste de fidelidade com a garota. Depois de organizarem o plano, Diego atraiu Jéssica para o local do crime sobre a argumentação de que possuía provas de uma suposta traição de Ismael.
“Diego disse que Jéssica confessou que traiu Ismael, mas talvez ela tenha até mentido na ânsia de receber a informação dele. Alguma coisa que Jéssica falou despertou a ira de Ismael. Segundo Diego, após a confissão, Ismael perdeu o controle. Ele estava com um pedaço de ferro na mão, entrou na cozinha e falou: ‘então é isso’. Nisso a Jéssica vira, leva um golpe na cabeça e desmaia”, disse o delegado Rodrigo Spiça, em entrevista em abril.
Em seguida, segundo a versão de Diego, Ismael esfaqueou a namorada até a morte. Eles embalaram o corpo em uma lona e o colocaram na carroceria de uma caminhonete. Diego ficou responsável por limpar os vestígios de sangue da casa e por se livrar da bicicleta, enquanto Ismael escondeu o cadáver, a bolsa e o celular da vítima.
No mês de maio, o delegado pediu a prorrogação da prisão dos suspeitos, e a Justiça acatou o pedido, prorrogando a detenção por mais 30 dias. No inicio deste mês, o celular de Jéssica foi encontrado na zona rural de Cerejeiras e entregue à polícia. O delegado Rodrigo Spiça confirmou que o aparelho pertencia à vítima e o encaminhou para perícia.
Fonte: G1/RO