“A minha vida acabou depois que minha filha faleceu. Depois que mataram ela daquele jeito, cruelmente, minha vida nunca mais foi a mesma”, com essas palavras Luciana Alves tenta resumir a dor do luto. Nesta terça-feira (21) completam três meses que a filha dela, Laryssa Victória, de 17 anos, foi encontrada morta no quintal do assistente social Ronaldo dos Santos Lira em Ouro Preto do Oeste (RO).
Segundo a Polícia Civil, Ronaldo confessou no interrogatório que cometeu o crime pelo “desejo de matar” que tinha desde a infância. Ele teria usado a bolsa da própria vítima para tentar um estrangulamento, depois a esfaqueou no pescoço e “assistiu ela sangrar”.
Depois da tragédia, a família de Laryssa foi abalada psicologicamente e financeiramente, pois a mãe teve que se mudar de Rondônia, junto com as irmãs de Laryssa, após receber ameaças. Os custos com a mudança também são motivos de preocupação.
“Eu tô vivendo na base de remédios, não está fácil de jeito nenhum. Tive que me mudar do meu estado. Eu nasci e cresci em Rondônia e tive que me mudar por causa das ameaças, recebi dois bilhetes na minha casa e fiquei com muito medo de viver em Ouro Preto”, comentou a mãe.
As ameaças
Em maio Luciana Alves chegou do trabalho e encontrou um bilhete em seu portão que dizia: “Cuidado, sua hora de morrer vai chegar”. Na época ela contou ao g1 que decidiu ir embora de Rondônia com medo dessa e de outras ameaças.
O segundo bilhete que Luciana recebeu dizia: “Parabéns, você é uma mulher corajosa”. Ela contou que as mensagens surgiram depois que fez um pedido para que a Justiça bloqueasse os bens do réu pela morte de sua filha.
Ela denunciou o caso na Polícia Civil e decidiu ir embora do estado por temer o que poderia acontecer.
Outro ponto que traz dor e revolta, segundo a mãe, é que o suspeito era considerado muito amigo da família.
Caso Laryssa Victória
O corpo de Laryssa Victória, de 17 anos, foi encontrado no dia 20 de março de 2022 em uma cova no quintal da casa de Ronaldo dos Santos Lira, que é assistente social e conhecido no meio político em Ouro Preto. Ele foi preso em flagrante.
A suspeita é que Ronaldo matou a vítima usando um objeto perfurocortante e depois a enterrou na cova. O delegado Niki Locatelli, responsável pelo caso, afirma ter encontrado possíveis vestígios de alterações na cena do crime.
O desaparecimento
A menina estava desaparecida há dois dias. Ela saiu na noite da sexta-feira (18) para se encontrar com amigas, mas não voltou para casa. O pai da adolescente relata que procurou ela durante a madrugada e também no dia seguinte, mas não encontrou.
A polícia começou a investigar o desaparecimento e encontrou imagens de câmeras de segurança mostrando a jovem na companhia de um homem, de 36 anos, identificado como Ronaldo dos Santos Lira.
O vídeo abaixo mostra o momento em que a adolescente caminha pela avenida Daniel Comboni, com Ronaldo e outra pessoa que não teve a identidade revelada pela polícia. Em determinado momento, a pessoa se separa deles e o suspeito segue o caminho sozinho com a vítima.
Essas outras imagens mostram a vítima cambaleando e quase caindo, sendo puxada pelo suspeito por ruas do bairro Colina Park. Uma das linhas de investigação tenta descobrir se a adolescente foi drogada.
“Essa terra fofa, mexida recentemente, chamou a atenção dos investigadores, onde suspeitaram que no local poderia estar o corpo da adolescente. Diante dessa suspeita, dei a ordem para entrar e escavar a terra mexida. A gente localizou o corpo ali”, relatou o delegado.
Por Rauã Araújo, Rede Amazônica