Talibã anunciou neste sábado (7) que as mulheres afegãs deverão cobrir seus rostos, de acordo com um decreto do líder supremo do grupo, uma escalada nas crescentes restrições às mulheres, o que está provocando uma reação da comunidade internacional e de muitos afegãos.
Um porta-voz do Ministério para a Propagação da Virtude e Prevenção do Vício leu o decreto do líder supremo do grupo, Hibatullah Akhundzada, em uma coletiva de imprensa em Cabul, dizendo que o pai de uma mulher ou um parente masculino mais próximo seria visitado e eventualmente preso ou demitido de seu emprego no governo se ela não cobrisse o rosto fora de casa.
Ele acrescentou que a cobertura facial ideal era a burca azul, que se tornou um símbolo global do regime linha-dura anterior do Talibã de 1996 a 2001.
A maioria das mulheres no Afeganistão usa lenços na cabeça por motivos religiosos, mas muitas em áreas urbanas como Cabul não cobrem o rosto.
O grupo enfrentou uma intensa reação, liderada por governos ocidentais, mas acompanhado por alguns estudiosos religiosos e países islâmicos, por suas crescentes limitações aos direitos das mulheres.
Uma reviravolta em março, na qual o grupo fechou escolas de ensino médio para meninas na manhã em que deveriam abrir, provocou a ira da comunidade internacional e levou os Estados Unidos a cancelar reuniões planejadas para aliviar a crise financeira do país.
Washington e outras nações cortaram a ajuda ao desenvolvimento e aplicaram sanções severas ao sistema bancário afegão desde que o Talibã assumiu o poder em agosto de 2021, levando o país à ruína econômica.
O Talibã disse que mudou desde a última vez em que esteve no poder, quando proibiu a educação de meninas e obrigou mulheres a sair de casa acompanhadas de um parente do sexo masculino e com o rosto coberto.
No entanto, nos últimos meses, o governo aumentou suas restrições às mulheres, incluindo regras que limitam suas viagens sem um acompanhante masculino e proíbem homens e mulheres de visitar os parques ao mesmo tempo.