Menina de 12 anos conversava com amiga, abusada pelo mesmo homem, quando a mãe viu as mensagens; psicóloga aponta sinais para ficar atento
A mãe de uma menina de 12 anos descobriu por acidente que a filha foi abusada sexualmente pelo pai do padrasto dela. A descoberta ocorreu quando Maria, nome fictício para preservar a identidade da mulher e das vítimas, leu mensagens que a filha trocou com outra vítima do homem, de 59 anos. Os abusos aconteceram quando a família, que hoje vive em São Paulo (SP), passou alguns meses morando na casa do criminoso, em Peruíbe, no litoral paulista.
Em entrevista ao Terra, Maria conta que sempre teve acesso ao celular da filha, mas estranhava o fato de o histórico de conversas com a enteada do “avô”, uma adolescente de 14 anos, ser apagado com frequência. Desta forma, ela não tinha acesso ao conteúdo das mensagens trocadas.
“Um dia, eu estava com o celular dela na cozinha e aproveitei aquele momento para ler as mensagens, que, pela primeira vez, ainda não tinham sido apagadas”, conta.
No diálogo, a amiga perguntava para a menina se ela conhecia uma posição sexual e dizia que tinha feito com o padrasto. “Eu não tinha entendido direito, achava que era alguma amiguinha com o mesmo apelido. Quando perguntei para a minha filha e ela disse que era esse homem, minha reação foi ter vontade de desmaiar”, relembra Maria.
Após ser questionada pela mãe, a menina de 12 anos contou que também havia sido abusada uma vez pelo mesmo homem, em 2019, e que a amiga estaria “apaixonada” pelo seu agressor. “Com a amiga, eram abusos constantes. Ele disse que estava tendo um ‘relacionamento’ com a menor, escondido da mãe dela, que é esposa dele”, relata a mãe.
Denúncia
Maria não perdeu tempo e denunciou o homem por abuso sexual. Ela enviou como provas todas as mensagens em que a adolescente detalhava as relações sexuais que mantinha com o homem.
As meninas passaram por exames de corpo de delito no Instituto Médico Legal (IML), que devem ficar prontos em maio. Na quarta-feira passada, 20, o homem foi encontrado enquanto tentava se esconder na casa da própria advogada e foi preso preventivamente por policiais civis da Delegacia da Mulher de Peruíbe.
A enteada do suspeito e mais duas crianças que ainda viviam com ele foram abrigadas pelo Conselho Tutelar da cidade, enquanto a investigação apura se a mãe delas sabia da situação e se ela era conivente ou não. Ao Terra, o delegado Arilson Brandão afirmou que o homem admitiu que mantinha relações sexuais com a enteada, mas alegou que eram consentidas. Os abusos começaram quando a adolescente tinha apenas 10 anos de idade.
Ainda segundo o delegado que está à frente do caso, o homem passou pela audiência de custódia e permaneceu preso pelo estupro de vulnerável das duas menores. Laudos complementares estão pendentes e devem ser concluídos nos próximos dias.
Sinais para ficar atento
Apesar de ter descoberto os abusos e denunciado logo depois, Maria se culpa por não ter percebido antes que sua filha tinha sido vítima de abuso sexual. Hoje, ela diz perceber algumas mudanças no comportamento da menina, que indicavam que algo não estava certo.
“Ela ficava com muito medo de sair de casa. Estou muito arrasada de não ter prestado atenção na minha filha. Ela disse que foi só aquela vez, mas eu deveria ter percebido”, desabafa a mãe.
A mudança repentina no comportamento é um sinal significativo, segundo a psicóloga especializada em saude mental na infância e adolescência, Ana Carolina Marques.
Ainda conforme a especialista, no caso de crianças menores, outros sinais possíveis são: desenhos agressivos ou com genitálias, dores de barriga e de cabeça, ou resistência das crianças a algum lugar específico.
Ainda conforme a especialista, no caso de crianças menores, outros sinais possíveis são desenhos agressivos ou com genitálias, dores de barriga e de cabeça ou resistência das crianças de irem à algum lugar específico. “São sinais que devem ser observados. Podem ser de violência sexual ou outra coisa, mas é preciso ficar atento”, pontua.
Já no caso de pré-adolescentes e adolescentes, Ana Carolina aponta que é importante estabelecer um canal de comunicação. “É uma criança que já tem noção sobre seu próprio corpo e o que é um toque errado”, comenta. “Esse adolescente pode ficar mais agressivo, mas pode ser confundido com a própria fase da adolescência. Por isso, é preciso conversar bastante, passar orientação e estabelecer uma confiança para ele poder falar algo, se acontecer”, acrescenta.
Fonte: Redação Terra