O Governo de Rondônia, por meio da Agência Estadual de Vigilância em Saúde (Agevisa) intensificou nos meses de fevereiro e julho deste ano ações de prevenção com palestras e distribuição de preservativos masculinos e femininos, testagem rápida, vacinação e capacitação de profissionais de saúde para diagnóstico do cenário das hepatites virais, nos municípios e em áreas de difícil acesso do Estado.
As ações dão continuidade no próximo mês, com o lançamento oficial, no dia 7 de agosto, da campanha “Julho Amarelo” para distribuição de preservativos e vacinação realizada pela Agevisa no distrito de São Carlos, região do baixo Madeira. As atividades contam com o apoio da Associação dos Portadores de Hepatites Virais de Rondônia (Aphro), destacando a atuação em Porto Velho, e da Associação Beradeiro no entorno das microrregiões ribeirinhas.
A campanha levará também atendimento, no dia 21 de agosto, à região do Médio-Guaporé, município de São Miguel do Guaporé, às comunidades quilombolas e outros povos da floresta da macrorregião.
“JULHO AMARELO”
De acordo com o Ministério da Saúde (MS), cerca de 3 milhões de brasileiros estão infestados pela hepatite “C”. Mas por não se testarem desconhecem que são portadores da doença. Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) em 2019 mostram que 3% da população mundial seja portadora de hepatite “C”.
Divulgar mais informações e conhecimento sobre a doença às pessoas é a principal meta da parceria do MS com os estados e municípios com o objetivo de que todo adulto, a partir de 45 anos, vá a uma Unidade Básica de Saúde (UBS) para fazer o teste rápido. Caso o resultado seja positivo, o tratamento disponível na rede pública de saúde, deve ser iniciado de imediato.
O mês de julho, adotado pelo Ministério da Saúde e pela Coordenação Estadual das Hepatites Virais como período de luta e prevenção contra à doença, é a época definida para maior divulgação do trabalho realizado todos os dias pelos agentes de saúde em parceria com os municípios e entidades parceiras não-governamentais com o tema “Julho Amarelo”.
Em 2019 foi realizado o I Simpósio de Hepatites Virais no Estado, com a parceria do MS, quando foi lançado em Rondônia o protocolo de eliminação da hepatite “C” no Brasil. Por meio de oficinas coordenadas pela equipe da Fiocruz 300 profissionais da área de saúde foram capacitados a fazer a leitura correta dos marcadores sorológicos para que se melhore a assistência aos portadores de hepatites virais no Estado.
Ano passado (2020) também foi realizado um simpósio on-line em parceria com a Fiocruz, com a participação de médicos da Unidade de Referência em Hepatites sob a coordenação do cientista e infectologista, Juan Miguel Villalobos.
Este mês, todas as unidades de serviços do Serviço de Assistência Especializada (SAE), que já atendem portadores do vírus da AIDS, também acompanharão os pacientes de hepatite em Porto Velho e nos demais municípios do Estado.
Francilene Miranda destaca como fundamental a atuação do SAE, pois já vêm realizando ao longo de todo o mês de julho o trabalho de orientação, prevenção, distribuição dos preservativos e desenvolvendo ações locais de prevenção e diagnóstico.
DESCENTRALIZAÇÃO
Outro avanço no tratamento das hepatites virais é a nova modalidade de entrega de medicamentos aos portadores da doença que moram nos municípios do interior e tinham que viajar até à Capital para receber os remédios na Farmácia Central.
O projeto, para que esses pacientes possam receber os medicamentos junto ao SAE, nas cidades em que moram, foi elaborado por técnicos do Ministério da Saúde em parceria com a Organização Para a Saúde (OPAS) e uma Faculdade de Santa Catarina. Assim que foi consultado sobre o interesse no projeto, o Governo de Rondônia concordou e seguiu todas as recomendações técnicas para adequar e dar agilidade à entrega dos medicamentos a partir de 2021.
A coordenadora enfatiza que a Hepatite B, não tem cura, mas tem tratamento. E esse tratamento o Governo de Rondônia está se esforçando para deixar o mais próximo possível do paciente.
PREVENÇÃO E VIGILÂNCIA
A vacina é, sem dúvida, uma ferramenta importante que se tem para prevenção contra a hepatite. As duas cidades do Estado com maior incidência–média 1999 a 2020 – são: Porto Velho, por causa do maior número populacional, e Ji-Paraná na região Central de Rondônia. Esse trabalho de vigilância é desenvolvido pela Agevisa para que se possa traçar as ações de prevenção e tratamento com a oferta de preservativos masculinos e femininos, testes rápidos e investimentos em capacitação dos profissionais.
DIAGNÓSTICO
A região Norte é considerada área endêmica da hepatite B. Por isso, há cerca de dois anos, Rondônia intensificou o trabalho de testes rápidos para que se possa fazer um diagnóstico completo. A coordenadora afirmou que, aonde as equipes levam o teste rápido, também se levam as vacinas contra a hepatite B. O alerta do Ministério da Saúde é para que a prevenção se torne um hábito, principalmente para evitar que a doença evolua.
DEFINIÇÕES
Hepatite viral – é uma infecção causada no fígado por vírus que têm uma preferência pelas células hepáticas. As hepatites do tipo “A” e “E” costuma-se dizer que a transmissão delas é oral e fecal. Então onde não há saneamento básico e a higiene for precária, há uma chance maior de transmissão e veiculação desse vírus.
Hepatite “B” e “C” – já são outras formas de transmissão, que seriam as formas sexual e sanguínea. Hepatite “B”- pode ser transmitida também de mãe para filho, durante a gestação se essa mulher não tiver sob acompanhamento e tratamento. No caso específico da hepatite B predomina a transmissão pela prática de sexo sem proteção. Por isso que ela entra no rol das Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs). Já a hepatite “C”, se a pessoa é usuária de droga não deve estar compartilhando seringa, estúdio de tatuagem e manicure.
É necessário ter certeza de que os utensílios estão bem esterilizados. “Se não você corre o risco de pegar hepatite B ou hepatite C”, explica a coordenadora.
Francilene comenta ainda um fato entre casais, que por ser muito íntimo, achar que pode compartilhar a escova de dente. O portador de hepatite “B” ou “C” pode no ato da escovação ferir a gengiva e ao compartilhar a escova, após o sangramento gengival transmitir a doença. As formas de transmissão das hepatite virais são tão preocupantes quanto às do HIV.
SEM VACINA
A hepatite “C” não tem vacina, mas tem tratamento e bons avanços a partir de 2019. “Se consegue até acima de 95 % de cura. Então se a gente cuida desse paciente logo e consegue trata-lo, e o tratamento dura três ou quatro meses e o paciente chega à cura”, enfatiza, Francilene.
Há, no entanto, pessoas que circulam por aí sem nenhum sintoma. Por isso são oferecidos os testes rápidos, campanhas em cima de campanhas. Houve campanhas em fevereiro, agora em julho a campanha de hepatite “B”.
Não se oferecem apenas testes para hepatite “B”, mas também “C”, “D”, sífilis e HIV. “A gente já aproveita e oferece os quatro testes”, garante Francilene Miranda, após explicar que essa testagem é por meio de uma furadinha na ponta do dedo para coleta de uma gota de sangue. Em 10 minutos o resultado fica pronto, é preciso e não tem erro.