A monilíase, causada pelo fungo Moniliophthora roreri, é uma doença devastadora que afeta principalmente o cacau e o cupuaçu, causando perdas na produção e elevação nos custos do cultivo. Para evitar que a praga chegue às lavouras rondonienses, o Governo do Estado, por meio da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril de Rondônia (Idaron), intensificou as ações de biossegurança na divisa com o Acre.
Na última semana, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) confirmou um foco da monilíase do cacaueiro na área residencial urbana do município de Cruzeiro do Sul, interior do Acre. “Por conta desse foco, a Idaron redefiniu as estratégias de vigilância na zona de risco, com fiscalização intensificada na área fronteiriça e visita às propriedades produtoras de cacau e cupuaçu que estão localizadas próximas à região”, explicou Julio Cesar Rocha Peres, presidente da Idaron, que reforça a importância das ações de prevenção, educação fitossanitária, contenção e controle da praga.
Resultado
Em pouco mais de 24 horas de operação, no posto fiscal da comunidade Tucandeira, na divisa do distrito de Nova Califórnia com o município de Acrelândia/AC, os técnicos da Idaron abordaram 130 veículos, um deles que tinha como origem a cidade de Cruzeiro do Sul, e apreenderam uma muda de citrus, 48 frutos de cacau, duas mudas de bana e sete mudas de coco. Todos eram transportados sem a documentação exigida pelo serviço de sanidade estadual.
Portaria
Para alertar a população sobre a importância das medidas fitossanitárias adotadas, a Agência Idaron editou a Portaria nº 481, de 09 de julho de 2021, que, dentre outras ações, proibiu a entrada, o trânsito e o comércio de material vegetal oriundo de regiões onde a praga Moniliophthora roreri está presente, sem a devida documentação que comprove a origem e a adoção dos procedimentos necessários para a certificação fitossanitária.
A proibição também se aplica aos materiais vegetais que apresentarem sinais ou sintomas de Moniliophthora roreri observados pela fiscalização, mesmo que acompanhados dos documentos exigidos pela Idaron.
Conforme a portaria, para ter livre acesso ao território rondoniense, as mudas e partes propagativas de espécies vegetais de hospedeiros da Moniliophthora roreri devem ser provenientes de viveiros registrados no Registro Nacional de Sementes e Mudas, do Mapa (Renasem/MAPA) ou cadastrados na Idaron, quando de Rondônia. “São consideradas hospedeiras de Moniliophthora roreri, para efeito da Portaria, todas as espécies dos gêneros Theobroma e Herrania”, salienta Sirley Ávila Queiroz, gerente interino de Inspeção e Defesa Sanitária Vegetal.
Orientação
Para quem pretende adquirir cacau na região do Acre, a Idaron faz um alerta: as amêndoas devem ser fermentadas após a colheita e comercializadas em sacarias novas, que deverão ser destruídas após a utilização.
Os estabelecimentos de comércio e armazenamento de amêndoas de cacau deverão disponibilizar lista de fornecedores e documentos fiscais de aquisição das amêndoas durante a fiscalização. “Todo esse cuidado não é por acaso, a monilíase apresenta um mecanismo de dispersão bastante eficiente, produzindo até 44 milhões de esporos por centímetro quadrado e até 7 bilhões de esporos em um único fruto maduro”, destacou Sirley Àvila. “E uma das principais vias de disseminação de pragas é o trânsito e o comércio de vegetais e partes de vegetais. Os esporos podem sobreviver até 9 meses em qualquer material: ferramentas, sapatos, roupas, equipamentos, veículos e contêineres”, completou.
Impacto
A potencialidade dos danos econômicos causados pela monilíase do cacaueiro é gigante, uma vez que o foco põe em xeque não só as lavouras do estado onde a praga foi detectada, mas toda a produção brasileira. “Por isso a necessidade de se proteger o potencial produtivo do estado contra material propagativo sem identidade genética, fisiológica e sanitária”.
De acordo com o Mapa, nas regiões onde a monilíase se instalou, a sua ação tornou-se mais destrutiva do que a causada pela vassoura-de-bruxa (Moniliophthora perniciosa), doença que provocou uma catástrofe na Região Cacaueira do Sul da Bahia, eliminando mais de 250 mil empregos diretos e reduzindo a produção de cacau a 25%.