Ariane Valadares, de 23 anos, perdeu três parentes em menos um trimestre em Porto Velho. A primeira morte na família foi do pai, Clebeson Adriano, de 41 anos. Ele não teve o diagnóstico confirmado para Covid-19, mas a jovem acredita que a doença possa ter sido o motivo do óbito.
“Meu pai morreu por uma doença pulmonar, não foi diagnosticado se era Covid, mas poderia ter sido o resultado da complicação dessa doença. A gente teve todo o processo de velar o corpo e poder se despedir. Foi um momento difícil para nossa família e de muita dor. Foi a primeira pessoa que perdi nessa pandemia”, afirma.
A morte do pai de Ariane aconteceu em janeiro deste ano, quando ainda se estudava sobre as variantes da doença.
Ao contrário de como foi feito para o pai dela, o “ritual” da despedida não se repetiu com a morte do tio paterno da jovem, Marcos André, de 42 anos. Isso porque em Marcos contraiu a Covid-19 e teve complicações graves.
“Eu, minha tia e meu tio nos infectamos pela Covid-19. Mesmo com a doença, ele estava bem, não apresentava sintomas graves, mas no dia 4 ele passou muito mal e, no outro dia, já foi intubado e no dia 10 ele faleceu”, relembra.
Indescritível é a palavra usada por Ariane ao falar da dor de não poder se despedir de um familiar que morreu.
“Foi brusca e difícil lidar com a perde de alguém para a Covid-19. Eu não tenho palavras para descrever a dor em perder alguém para Covid-19. A gente não pode despedir, olhar ou acompanhar esse momento tão difícil da hora do adeus. Não poder dizer ‘eu te amo’ pela última vez”, diz.
Ainda sem sem ter se recuperado dor da perda do pai e do tio, em 31 março (mês que Ariane completou 23 anos), ela perdeu o avô. Salvador Brito, de 66 anos, também faleceu por complicações da Covid-19.
“Meu avô morreu de Covid, mas ele foi acometido pela depressão profunda, por não conseguir ficar sem os dois filhos. Hoje, mais do que nunca, quero que as pessoas se conscientizem que a Covid-19 mata, ele leva pessoas que amamos e faz um estrago na família“, lamenta Ariane.
Depois da morte do pai, tio e avô, Ariane passou a fazer acompanhamento com o psicólogo e fala da importância de se ter fé diante das dores.
“Eu acredito em um Deus que ampara e protege nossa família. Esse mesmo Deus tem me ajudado a superar e poder ajudar outras pessoas, com a minha história, que é preciso ter esperança”, acredita.