A morte de uma mulher, identificada como Glória Estefane de Jesus, de 20 anos, é investigada pela Polícia Civil de Porto Velho. O marido da vítima é o principal suspeito do crime. Ela foi encontrada morta com um tiro na nuca no dia 21 de março.
Inicialmente, o suspeito disse que a esposa pegou a arma que o casal guardava em casa e atirou contra a própria cabeça. Após controvérsias durante o interrogatório, a polícia determinou a prisão temporária do homem. O boletim de ocorrência foi registrado como morte a esclarecer, mas o delegado Pedro Henrique Palharini Bastos, que recebeu o caso, diz que há fortes indícios para tratar a morte como feminicídio.
“A prisão temporária, em geral, tem a finalidade de preservar as investigações, desde que haja indícios da prática de algum dos crimes previstos em lei. O crime em questão está previsto em lei como um dos que admite a prisão temporária, e, além disso entendi que as incongruências no relato do suspeito apontavam indícios de ter sido ele o autor do crime”, explicou o delegado ao G1.
Investigações
De acordo com o boletim de ocorrência, a polícia foi acionada para atender um chamado no bairro Mariana. No local, por volta das 4h, os agentes conversaram com o esposo da vítima. Ele disse que estava bebendo com alguns amigos e também com Glória Estefane em uma distribuidora próxima a residência do casal.
Em determinado momento, eles decidiram continuar bebendo, mas em casa. Quando o grupo começou a dispersar ficaram na residência o casal e uma outra mulher. Depois que essa mulher foi embora o casal começou a discutir por ciúmes.
O homem confessou que quando começou a discutir com a esposa, como era de “costume”, pegou a pistola dele e colocou uma munição. Ele contou que saiu do quarto e foi à cozinha para beber água.
Ao retornar ao quarto afirma que viu Glória com a arma apontando para a própria cabeça. Ele contou que nesse momento pediu para Glória “não brincar com a arma”, mas ela disparou na altura do pescoço.
Ainda para a polícia, o homem contou que tentou pedir socorro pelo Samu, por volta das 2h30, mas percebeu que Glória já estava sem vida e decidiu ir à casa da mãe dele. Retornou ao local da morte apenas às 4h, quando ligou para o 190.
Diante do depoimento do suspeito, o delegado Pedro Henrique Palharini Bastos diz os pontos que foram cruciais para a prisão temporária.
“Primeiro a estranheza dele [suspeito] de relatar que, no meio da discussão de ciúmes entre o casal, ele ter decidido municiar uma arma de fogo. Segundo é a postura dele após os fatos: ele não ficou no local aguardando o socorro do Samu, foi até à casa da mãe dele, onde, segundo ele, lavou as mãos e os pés. Ele alegou não ter trocado de roupa, mas tudo indica que trocou, pois a roupa que ele estava não se apresentava de maneira compatível com o que ele afirmou ter feito — ter segurado a vítima, tentando estancar um sangramento muito volumoso — a roupa dele apresentava uma mancha pequena de sangue”, comenta o delegado.
O caso segue em investigação pela Delegacia de Homicídios de Porto Velho.