O Congresso do Peru aprovou nesta segunda-feira (9) a destituição do presidente Martín Vizcarra por “incapacidade moral”, ao final de seu segundo julgamento de impeachment em menos de dois meses. Ele foi denunciado por receber propinas quando era governador em 2014.
A moção para remover o popular presidente peruano superou os 87 votos necessários no Congresso.
“Foi aprovada a resolução que declara a vacância da Presidência da República”, declarou após a votação o chefe do Congresso, Manuel Merino, que assumirá na terça-feira a chefia do governo até o fim do mandato atual, que termina em 28 de julho de 2021.
Merino disse que a medida será imediatamente informada a Vizcarra, presidente que teve níveis recorde de popularidade em seus 32 meses de governo.
Vizcarra, de 57 anos, tinha sobrevivido a uma votação anterior que objetivou afastá-lo em setembro – quando apenas 32 dos 130 parlamentares votaram por sua saída – e uma tentativa de suspendê-lo em 2019.
Ele negou as alegações “infundadas” de que aceitou propinas de empresas que obtiveram contratos públicos quando ele era governador de Moquegua, região do sul do Peru. Vizcarra acusou o Congresso de “brincar com a democracia”.
No processo anterior, ele foi acusado de pressionar duas funcionárias do palácio de governo a mentir sobre um questionado contrato com um cantor.
“Rejeito de forma enfática e categórica essas acusações”, disse Vizcarra. “Não recebi suborno algum”, acrescentou perante o Congresso, em sessão iniciada às 10h30 locais (12h30 de Brasília). O presidente fez pessoalmente a sua defesa, falando perante o plenário durante 51 minutos.
Ele afirmou que os dois contratos em questão foram designados por uma agência das Nações Unidas (ONU) e não pelo governo regional de Moquegua, e que as denúncias contra ele são baseadas em reportagens da imprensa e não em decisões do Ministério Público ou dos tribunais.
Aqui estou disposto a esclarecer qualquer um dos fatos que são falsamente imputados a mim”, ressaltou. “Não foram provados (os fatos denunciados), nem há certeza de que ocorreram”, defendeu-se.
No domingo, o presidente havia declarado em comunicado ser “atacado de maneira sistemática (…)”, e já afirmava não ter cometido ato de corrupção. Nele, o político também afirmou que seus acusadores “estão gerando instabilidade política”.
As pesquisas mostram que 75% dos peruanos querem a continuidade do governo, enquanto o Congresso enfrenta 59% de desaprovação, segundo a agência France Presse.