A JBS decidiu retomar as atividades do frigorífico de São Miguel do Guaporé (RO), que estava interditado por decisão judicial desde 27 de maio, após trabalhadores da unidade serem diagnosticados com o novo coronavírus. Segundo o Ministério Público do Trabalho, mais de 260 trabalhadores testaram positivo para Covid-19 na primeira leva de testagem.
Ao G1, a JBS informou que reabriu o frigorífico depois de realizar uma triagem rigorosa em 100% dos seus funcionários de São Miguel.
“A JBS confirma que a sua unidade em São Miguel do Guaporé retomou as atividades em 05 de junho de 2020 após decisão judicial. A Companhia ressalta que promoveu um rigoroso processo de triagem em 100% dos seus funcionários para atestar que somente aqueles em plena condição de saúde retornassem ao trabalho”, disse em nota.
Segundo decisão da Justiça do Trabalho de Rondônia em 1° de junho, a retomada das atividades frigoríficas só poderia ser feita se a empresa adotasse várias medidas de segurança, incluindo a testagem em massa de seus colaboradores.
Ainda foi determinado a redução da quantidade de pessoas que podem entrar ao mesmo tempo nos vestiários; manter um trabalhador controlando o acesso ao vestiário do frigorífico; a realização do escalonamento das entradas e saídas diárias; o fornecimento de máscara de acrílico, outras máscaras e touca “ninja” a seus funcionários; e a distância mínima de um metro entre um trabalhador e outro.
Conforme informou a empresa, todas as medidas impostas pela justiça já foram adotadas e, por isso, suas atividades retomaram.
Na última segunda-feira (8) houve uma audiência de conciliação entre órgãos públicos e a JBS. Na tarde desta terça-feira, a promotoria de justiça de São Miguel informou à Rede Amazônica que a liminar da justiça sobre a interdição está valendo.
Interdição após contaminação em funcionários
No fim de maio, dezenas de funcionários da JBS testaram positivo para Covid-19. Por causa disso, Ministério Público de Rondônia (MP-RO) e Ministério Público do Trabalho entraram com ação judicial pedindo a interdição do frigorífico. O pedido foi acatado pela Justiça do Trabalho.
“O frigorífico tem setores, como desossa e abate, em que trabalham confinadas mais de 100 pessoas, em temperaturas muito baixas, sem que haja janelas para circulação de ar e sem que seja mantida uma distância mínima entre os funcionários. Há informações de aglomerações de funcionários, sobretudo nos momentos de pausa (em que todos os funcionários saem ao mesmo tempo por uma única porta existente em cada um dos seus setores) e nos momentos de troca de roupa”, dizia a denúncia da promotoria, que ainda pediu o pagamento de R$ 20 milhões por danos morais aos trabalhadores.
O Ministério Público também denunciou que a JBS não teria ofertado aos seus funcionários qualquer teste para detecção de Covid-19, e também não encaminhou os trabalhadores para a coleta dos exames, “mesmo nos casos em que eram evidentes os sintomas característicos do novo coronavírus”.
À época, a JBS negou as acusações e informou serem “equivocadas as informações sobre o confinamento e aglomeração de trabalhadores em setores da unidade”.