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Apaixonado por balé, vilhenense de 10 anos usa a web para combater preconceito


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Miguel Labajo, 10, começou a dançar aos oito anos; a paixão pelo balé surgiu após ver o filme “A Bailarina” – Imagem: Arquivo Pessoal

Nascido em Vilhena (RO), Miguel Labajos, 10, é um menino sensível -a ponto de cair no choro ao perceber que estava dando uma entrevista para Universa da UOL. “Vou aparecer no jornal?”, diz ele, feliz. O garoto ficou famoso na internet por conta de um vídeo publicado pela prima, em que ele se desmancha ao falar de uma colega de escola. “Todo dia eu peço a Deus para que eu sonhe com a Natália”, dizia ele, na gravação que teve mais de 1 milhão de visualizações. Mas não é só nisso que Miguel foge do estereótipo dos meninos de sua idade.

 

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Nas imagens, ele está vestindo uma legging e está com um par de sapatilhas pretas no ombro. A gravação foi feita pouco antes de Miguel entrar na aula de balé, dança pela qual é completamente apaixonado há três anos.

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“Não sei dizer o que gosto mais de fazer, acho tudo muito legal”, fala, em entrevista a Universa feita em vídeo. A vontade de dançar surgiu quando ele assistiu ao filme “A Bailarina”, exibido na escola em que ele estudava. “Ele sempre gostou de música clássica, mas também ficou encantado com os passos. Achava tudo aquilo muito lindo”, diz a fisioterapeuta Angélica Labajo, mãe do garoto.

“No meio das gatinhas”

Angélica conta que, inicialmente, achou que Miguel estivesse brincando ao pedir para dançar balé. “Ele foi, então, pedir para a minha irmã, que conseguiu uma bolsa em uma escola”, conta. O pai do menino também levou um susto. Mas, com o tempo, ambos foram convencidos por Miguel. “Para mim, ele disse que gostava muito da dança. Para meu marido, ele brincou que ficaria no meio das gatinhas”, ri a mãe.

Quando pergunto como foi o começo, Miguel não pestaneja: “Sofri muito preconceito”. Amigos de escola se afastaram dele e a sexualidade do garoto de 10 anos se tornou assunto constante. “Ele conseguiu conquistar respeito ao mostrar para os colegas as piruetas e outros movimentos que ele conseguia fazer por causa do balé. Ele falava: ‘Você está dizendo isso, mas olha o que sei fazer’”, afirma Angélica.

 

Ao comprar a primeira roupa de balé de Miguel, outra amostra de preconceito. “A vendedora disse que não tinha legging masculina e não queria nos vender uma feminina. Achou que era sinal do fim dos tempos”, fala a mãe, com bom humor. Porém, mais uma vez, a família contornou o problema com resiliência. “Ainda compramos no mesmo lugar e hoje em dia eles nos recebem muito bem, já nos conhecem e separam a legging do Miguel.”

Ao ver que ele estava ficando famoso por conta da declaração para Natália, Angélica e a irmã, Jéssica, decidiram criar um Instagram onde Miguel já soma 2.500 seguidores. Para protegê-lo, as duas mulheres não deixam o menino ler comentários nem mensagens negativas. “Tem quem entre no perfil apenas para xingá-lo e julgá-lo.

“Nas publicações, a família fala sobre dança e epilepsia, condição que ele descobriu há dois anos. “O nosso ponto principal é que ele, mesmo sendo homem e tendo epilepsia, não precisa desistir de seu sonho”, diz a mãe.

 

 

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Uma sexta-feira abençoada a todos nós! ?‍♂️?? . . . . . #ballet #balletinfantil #criançafeliz #balletclassico #alegria #paz #compreensao

Uma publicação compartilhada por Miguel Labajos (@miguellabajos) em

Apesar de amar o balé e o jazz, atual modalidade favorita de Miguel, o menino afirma que, quando crescer, quer ser um cientista ou inventor. “Como a dança é algo tão natural para ele, Miguel não vê o balé como uma profissão. Assim como eu não via a massagem como um trabalho, mas hoje em dia sou fisioterapeuta”, diz Angélica.

E a Natália, ficou sabendo da paixão de Miguel? A mãe do garoto ri e diz que prefere não dizer de onde a colega do Miguel é “para protegê-la”. “A avó dela é muito ciumenta e ela é uma garota tímida”, explica a mãe. “E extremamente linda”, interrompe Miguel.

 

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