A Justiça negou o pedido de liminar para que o acusado de matar a namorada, Jéssica Moreira Hernandes, após um “teste de fidelidade” em 2017, recorra da condenação em liberdade. Ismael José da Silva foi condenado a 14 anos de prisão pelo crime e chorou ao ouvir a sentença, que foi lida durante a nova sessão do caso no dia 23 de outubro deste ano.
A liminar foi impetrada pela advogada de Ismael, Shara Eugênio, mas teve o pedido negado pelo desembargador da 2ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça de Rondônia (TJ-RO).
Com a negativa, a defesa no momento aguarda o julgamento do habeas corpus para que Ismael deixe a Casa de Detenção de Cerejeiras, onde cumpre a pena em regime fechado. Ainda não há data marcada.
Ismael José da Silva foi condenado do mês passado por homicídio qualificado (meio de recurso que impossibilitou a defesa da vítima) e absolvido da acusação de ocultação de cadáver.
Durante a sessão, o Ministério Público de Rondônia (MP-RO) pediu que duas testemunhas de acusação falassem em plenário. Já a defesa do acusado apresentou cinco testemunhas. O júri foi presidido pela juíza Ligiane Zigiotto Bender. Instantes depois após a leitura da sentença, a defesa informou que recorreu da decisão.
1º julgamento
No primeiro julgamento, Ismael José da Silva foi absolvido do crime de homicídio qualificado. Mas foi considerado culpado por ocultação de cadáver e condenado a um ano de reclusão e 10 dias multa. Ismael teve o direito de recorrer em liberdade. Ele namorava Jéssica na época em que aconteceu o assassinato.
Já o primo dele, Diego de Sá Parente, também envolvido no caso, foi condenado a 18 anos de reclusão por homicídio qualificado e mais um ano por ocultação de cadáver. O juiz não concedeu a ele o direito de recorrer da decisão em liberdade.
Em entrevista ao G1 na época, Ismael informou que discordava da decisão. “Não esperava esse resultado, pois sou inocente. Em nenhum momento ocultei cadáver. Vamos recorrer da decisão. Eu sou inocente de tudo”, disse.
Assassinato após ‘teste de fidelidade’
Jéssica Moreira Hernandes, a namorada de Ismael, desapareceu em 20 de abril de 2017, depois que saiu de casa de bicicleta. No mesmo dia, familiares registraram uma ocorrência na polícia informando o sumiço da jovem.
No dia 24 de abril, o corpo da jovem foi localizado na Linha 4, zona rural de Cerejeiras. Duas mulheres que faziam caminhada pela estrada sentiram um forte cheiro e encontraram o corpo envolto em uma lona. No dia seguinte, o namorado dela, Ismael, e o primo dele, Diego de Sá, foram presos suspeitos de envolvimento na morte.
Na época, a polícia pontou que Ismael seria extremamente ciumento na relação e estava desconfiado de Jéssica, onde decidiu fazer um “teste de fidelidade”. Em seguida, Diego atraiu a jovem para um casa, dizendo que tinha provas de que o primo a havia traído. Na casa, Ismael ficou escondido enquanto Diego tentava uma confissão de traição da adolescente.
Ele contou que Jéssica assumiu uma traição, mas o delegado acredita que ela pode ter assumido apenas na intenção de descobrir também algo sobre a fidelidade de Ismael.
Após ouvir a suposta confissão, na versão de Diego, Ismael se descontrolou, deu um golpe com um pedaço de ferro na cabeça da garota, provocando o desmaio dela. Depois ele tomou uma faca e atacou a jovem, levando-a à morte.
A determinação de um novo julgamento ocorreu porque a defesa do réu e Ministério Público Estadual (MP-RO) recorreram da sentença do júri realizado em agosto de 2018.