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Motociclistas são maioria em acidentes de trânsito em RO


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Com o calcanhar quebrado, Fabiana diz que não quer mais andar de moto depois do susto com o acidente – Foto: Ésio Mendes

“Depois dessa experiência, fiquei com medo. Não vou mais andar de moto sozinha”, diz Mireli de Oliveira, 19 anos, moradora do município de Ariquemes. A jovem, que está internada no Hospital Estadual de Pronto Socorro João Paulo II, na capital, sofreu um acidente na noite da última segunda-feira (26) quando transitava pela cidade em uma motocicleta própria.

Porém, Mireli não é habilitada para pilotar o veículo, e o resultado do acidente foi uma tíbia quebrada e a necessidade de passar por cirurgia para corrigir o problema. Ocupando um leito no Pronto Socorro, Mireli aguarda a vaga no Hospital de Base Ary Pinheiro para onde são encaminhados os pacientes para cirurgias ortopédicas mais complexas não emergenciais.

A maioria dos pacientes que dão entrada no JPII por acidente de trânsito é motociclista. A fragilidade e exposição aos que pilotam o veículo são inquestionáveis. Uma queda ou abalroamento podem ser até fatais. Dados estatísticos do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) indicam que, em 2018, 80,07% dos acidentes com vítima envolveram motocicletas. Em 2017, 54,9% dos acidentes com motocicletas geraram vítimas fatais.

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Segundo o diretor do JPII, Carlos Eduardo Rocha Araújo, somente nos primeiros seis meses de 2019, deram entrada no hospital 2.967 vítimas de acidentes de trânsito, sendo 2.375 acidentados com moto. “E ainda tem aqueles que não podemos afirmar porque o paciente não diz que foi acidente de moto. Ele diz que caiu porque não estava habilitado, ou com outros documentos atrasados. E se não tinha polícia no local, ele prefere procurar o hospital por conta própria dizendo que caiu”.

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“Os picos sempre são aos finais de semana, às quartas-feiras após os jogos de futebol na TV, e nos feriados. O que reduz acidente é policiamento ostensivo, o uso dos cones nos cruzamentos também ajuda bastante. Quando você vê um guarda de trânsito na esquina, de forma ostensiva, naturalmente você reduz a velocidade, não vai furar o sinal vermelho, não vai falar ao celular, e não vai deixar de usar o cinto de segurança, assim como também não vai passar sem o capacete”.

Fabiana Dias, 27 anos, inabilitada, pilotava uma motocicleta no último final de semana quando outra motocicleta invadiu a preferencial no cruzamento das Ruas Plácido de Castro com União, Zona Leste de Porto Velho, e atingiu a vítima. Com o calcanhar quebrado e 13 pontos no local da lesão, a mulher também aguarda encaminhamento para o HB, em um leito no JPII.

 

“Eu não estava errada, mas com esse susto eu não vou mais andar de moto. Poderia ter sido pior”, afirma a vítima, Fabiana Dias.

 

AÇÕES

O diretor do JPII considera os inúmeros casos de acidentes, que causam prejuízos sociais e econômicos, uma epidemia que deve ser combatida. “O Governo do Estado, via Casa Civil, tem capitaneado algumas reuniões na intenção de ajudar na diminuição desses casos e a superlotação de pacientes de acidentes de trânsito no João Paulo II. Estamos em fase de planejamento e muitas ideias surgindo. Na verdade mais do que cuidar do paciente, queremos que evitar que ele sofra um acidente de trânsito e entre aqui por esse motivo. E isso passa por conscientização da população, melhor educação no trânsito, repressão ostensiva, polícia na rua, fiscalização diuturnamente”.

ATENDIMENTO

Carlos Eduardo explica que a cadeia de atendimento de pacientes graves é ainda mais cara e complexa. Enquanto uma vítima que quebrou um braço ou perna vai custar para o Estado entre R$ 10 mil e R$ 15 mil, há pacientes que chegam a custar até R$ 200 mil.

“Imagine um paciente que sofreu um traumatismo craniano grave. Ao chegar no JPII ele passa pela avaliação do cirurgião geral, depois o neurocirurgião – que pede tomografia, se tem lesão vai para o centro cirúrgico – o que vai ser necessário para a operação o neurocirurgião e um anestesista, e tudo isso é pago. Depois ele precisa de uma vaga de UTI, e muitos chegam a ficar até 30 dias lá, com intubação, traqueostomizado, com ventilação mecânica, fazendo infecção, sendo cuidado por profissionais de cinco ou seis especialidades”.

O processo não termina aí, completa o diretor. “Quando tem condições de sair da UTI, vai para a enfermaria, dependendo da sequela fica ainda em torno de cinco a seis meses internado, depois preciso de aproximadamente seis meses de fisioterapia, e dali para frente, muitas sequelado, não consegue voltar às suas atividades laborais, em plena idade de produção”.

Pacientes que chegam no Pronto Socorro com fratura exposta são de imediato encaminhados para o centro cirúrgico. “Geralmente é feita a colocação de fixador externo por conta do risco de infecção. Depois precisa fazer uma segunda cirurgia de correção, que geralmente acontece no HB, que é um hospital terciário, com a função mais de curativa, com uma estrutura muito maior para fazer as cirurgias maiores”.

A ordem em que são encaminhados depende de serem menores de idade ou maiores de 60 anos, que são prioritários, seguidos da ordem de entrada dos pacientes que não se encaixam na prioridade de idade.

OPERAÇÃO CAVALO DE AÇO

A Operação Cavalo de Aço, realizada pelo Batalhão de Policiamento de Trânsito (BPTran), acontece desde 2012, adaptando-se a novos modelos de dias e horários com o passar dos anos. Trata-se de fiscalização específica em motocicletas e motonetas.

Segundo o comandante da 2ª Companhia de Policiamento Ostensivo de Trânsito e coordenador da Operação, 1° tenente da Polícia Militar, Francisco Ilki Alves de Araújo, atualmente as ações acontecem às segundas, terças, quintas e sextas-feiras, das 7h às 15h, e às quartas-feiras das 18h à meia-noite, em diferentes pontos estratégicos da cidade.

“São atividades de cunho repressivo com intuito de coibir acidentes, infrações e crimes de trânsito que envolvem motocicletas. Por serem veículos com custo de aquisição inferior ao automóvel, muitas pessoas, inclusive inabilitadas compram motocicletas”, diz o comandante.

Sem habilitação para pilotar o veículo, muitas pessoas causam acidentes por falta da formação. “Por serem inabilitadas, elas desconhecem a legislação e regras básicas do trânsito. Com a maior vulnerabilidade que a moto proporciona, na maioria dos casos de acidentes as vítimas saem lesionadas ou até mesmo morrem. O nosso trabalho é tentar reduzir os acidentes com a presença da polícia nas ruas”, conclui.

A Operação Cavalo de Aço já chegou a apreender, por dia, até 30 motocicletas em situações de irregularidade.

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