O avião usado em Rondônia para levar brigadas de emergência aos focos de incêndio e mapear as queimadas para a ação da força tarefa lançada no estado em cooperação com o Exército foi comprada com recursos do Fundo Amazônia.
O Grand Caravan Ex, modelo Cessna 208, custou R$ 12 milhões e foi entregue em dezembro do ano passado à 2° Base Aérea Integrada de Combate a Incêndios Florestais da Amazônia Legal em Porto Velho.
A aeronave foi financiada por meio do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que gerencia as captações.
Além dela, também foram adquiridos caminhões, caminhonetes, equipamentos de proteção individual e de combate a incêndios florestais, em um investimento total de R$ 15,4 milhões aprovado em 2012 para oito estados brasileiros pelo fundo – que desembolsou R$ 1,1 bilhão em projetos na região desde 2008, quando foi criado.
Recentemente, a Noruega – uma das principais financiadoras do Fundo Amazônia, ao lado da Alemanha – suspendeu os repasses depois de o governo extinguir dois de seus comitês sem aviso prévio e após uma série de comentários críticos feitos pelo presidente, que afirmou que o Brasil não precisava dos recursos e que o dinheiro da Noruega deveria ser usado para reflorestar a Alemanha.
O governador de Rondônia, Marcos Rocha (PSL), concorda com Bolsonaro.
Questionado sobre se esse tipo de recurso seria importante para auxiliar o estado neste momento, ele destacou que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, rapidamente se prontificou a enviar verbas do governo federal para auxiliar nas operações quando procurado.
“A partir do momento que o nosso presidente da República negou o Fundo Amazônia, garantindo que nós, brasileiros, temos condições de arcar e de cuidar da nossa Amazônia, eu, como governador, apoio o posicionamento dele”, completou, em entrevista à BBC News logo após a reunião que deu início à força tarefa conjunta que tenta conter os focos de incêndio.
Para ele, as queimadas na região “sempre aconteceram e sempre foram intensas” – a diferença neste ano teria sido a repercussão. “Só isso: uma repercussão maior.”
Em outro momento da conversa com a reportagem, entretanto, quando comentava sobre os dados da Nasa que mostram que as queimadas de 2019 são as piores desde 2010, o governador disse ter percorrido os locais afetados e ter visto “produtores, agricultores apagando incêndios”.
“Então, a gente vê que algo estranho está acontecendo.”
Questionado sobre a que se referia, pois o presidente Jair Bolsonaro já chegou a dizer que os incêndios poderiam estar sendo causados intencionalmente por organizações não governamentais com a intenção de arranhar a imagem de seu governo, Rocha respondeu:
“Não sei, eu estou dizendo que estão acontecendo agora incêndios, não queimadas.”
Operação Jequitibá
Em Rondônia, as Forças Armadas estão atuando em conjunto com agentes locais para tentar conter o fogo.
A reportagem viu na manhã deste sábado (24) homens do Exército, bombeiros e agentes do PrevFogo, serviço do Ibama de combate às queimadas, se preparando para partir para as operações no 5º Batalhão de Engenharia de Construção em Porto Velho.
Segundo o coronel Demargli da Costa Farias, Comandante Geral do Corpo de Bombeiros no Estado, cerca de 70 pessoas foram enviadas à floresta.
O combate às chamas é feito com abafadores e as chamadas bombas costais, munidas de borrifadores de água. O trabalho em solo será complementado com a ação de aeronaves do Exército e do ICMBio.
O Caravan comprado com recursos do Fundo Amazônia, diz ele, ajudou a mapear as queimadas nos últimos dias para que as equipes fossem direcionadas aos pontos mais críticos. A expectativa é que as chamas sejam controladas “já nos próximos dias”.
Em um pronunciamento na sexta-feira (23), Bolsonaro autorizou o emprego das Forças Armadas em operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) para combater as queimadas na região da floresta.
Além de Rondônia, outros cinco Estados (Acre, Pará, Mato Grosso, Roraima, Tocantins) aderiram à medida até o momento.