A biodiversidade de Vilhena, conhecida como Portal da Amazônia, é desconhecida por muitos. Os vilhenenses vivem, no entanto, em uma das regiões com o maior número de espécies de plantas e animais do planeta. Com isso em mente, a Prefeitura iniciou projeto no mês passado de visitas exploratórias no Parque Ecológico com o objetivo de pesquisar espécimes de anfíbios, marcar traçado de trilha para turismo ambiental, proceder na identificação de espécies do local, realizar análise de pontos do Parque que precisam ser sinalizados e reconhecimento do espaço para ações de preservação histórica e cultural.
Realizado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente e pela Fundação Cultural de Vilhena (FCV), o projeto pode receber em breve apoio de pesquisadores do Rio de Janeiro. “Estamos conversando com pesquisadores da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), que são renomados mestres em anfíbios e répteis, para que eles desenvolvam seus estudos aqui em Vilhena e para aflorar nos estudantes locais o desejo de fazer trilhas exploratórias também. Quem sabe não descobrimos novas espécies?”, explica Marcela Almeida, secretária municipal de Meio Ambiente.
Participa do projeto também a presidente da FCV, Kátia Valléria, que encabeça os trabalhos históricos e culturais da iniciativa. “Visto que o local marca o surgimento de Vilhena, temos muitos pontos de interesse para estudar: cemitério indígena, a Casa de Rondon, os primeiros moradores da cidade, a antiga trilha telegráfica e as marcas deixadas pelos nossos colonizadores. Tudo isso dá muito material interessante para os visitantes conhecerem”, conta.
Na última visita exploratória uma espécie de anfíbio difícil de ser encontrada foi identificada pelo biólogo Thiago Baldine, da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. “Encontramos uma rã da espécie Adenomera andreae, que é extremamente difícil de ser avistada por causa de seu comportamento social e sexual. Além disso, a população está sofrendo declínio, devido à perda de habitat. No entanto são animais muito importantes para o equilíbrio ambiental, pois chegam a comer mais de mil insetos por noite”, explica.
Uma curiosidade sobre o animal é que seu “canto” gerou a lenda entre os antigos de que quando a rã emite seu som é sinal de chuva. O biólogo revela que a crendice tem seu fundo de verdade, já que quando a umidade relativa do ar está aumentando os machos começam a vocalizar para atrair as fêmeas, confirmando a superstição popular.
A caminhada de reconhecimento também encontrou cobras, aranhas, pererecas, insetos e várias espécies de plantas diferentes em um trajeto de pouco mais de uma hora. Ideal para quem deseja sair da rotina, a trilha poderá ser usada em terapia contra a depressão, fortalecimento do turismo e na educação ambiental.
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