Ao comentar sobre as investigações da Operação Diarista na tarde desta terça-feira (12), o delegado da Polícia Federal responsável pelo caso, Juliano Fumio Yamakawa, disse que os cinco suspeitos de envolvimento no esquema de desvio de verbas dentro do Conselho Regional de Odontologia de Rondônia (CRO-RO) foram afastados pelo órgão.
Questionado sobre não ter decretado alguma prisão, o delegado informou que no momento a PF foca em reunir provas. Além de apurar o desvio de recursos no Conselho, a corporação suspeita de lavagem de capitais.
“A gente não chegou a pedir prisão já que os envolvidos já estavam afastados. Queremos saber mesmo onde esse dinheiro foi parar”.
A operação foi deflagrada pela manhã em Porto Velho e em Cacoal (RO), município a 480 quilômetros da capital, locais onde o Conselho possui escritórios. Ao menos 35 policiais federais foram às ruas e cumpriram sete mandados de busca e apreensão.
Oito carros – quatro de luxo – e uma moto de alto valor foram apreendidos. Os veículos passam por perícia e devem ser entregues ao CRO ainda nesta semana, segundo a PF.
Conforme Yamakawa, a iniciativa de afastar os suspeitos – entre eles dois tesoureiros e uma gestora – foi do próprio Conselho Regional de Odontologia, que encaminhou uma denúncia à corporação no ano passado.
“Na realidade, quando se tomou ciência dessa investigação, houve uma intervenção do próprio Conselho e todos foram afastados. Até por isso que a investigação teve a participação efetiva do CRO”, explicou o delegado.
Sobre os veículos apreendidos e que passam por perícia, Juliano Fumio disse que sugeriu, por meio judicial, entregá-los ao Conselho afim de auxiliar no ressarcimento dos valores desviados durante os últimos quatro anos. Sete deles foram encontrados em Porto Velho e outros dois em Cacoal.
Os envolvidos podem responder pelos crimes de peculato, associação criminosa e falsidade ideológica, com penas que, se somadas, podem chegar a 20 anos de reclusão. O CRO ainda não se manifestou sobre a operação. Os valores dos veículos apreendidos não foram divulgados.
Investigações
As investigações começaram com uma denúncia protocolada pela atual gestão do CRO, após a identificação de fraudes no pagamento de diárias fictícias aos dirigentes e saques indevidos por um dos envolvidos. Os valores podem chegar a R$ 1,5 milhão.
Inicialmente eram desviados valores a partir de R$ 2 mil ao mês, chegando até R$ 8,8 mil em um mês. Ao todo, em 2015, foram desviados R$ 79.700,00.
A operação da PF aponta que, depois de 2015, os desvios cresceram gradativamente dentro do Conselho. Em janeiro de 2016, por exemplo, foram retirados ilegalmente R$ 11.600 e em dezembro do mesmo ano chegou ao primeiro recorde: R$ 49.200,00 desviados.
O novo pico nos desvios ocorreu em agosto de 2018, atingindo o recorde histórico nas retiradas clandestinas: R$ 60.795,00 em um único mês.
A investigação aponta que em 2018, um dos envolvidos teria recebido cerca de 500 diárias, superando o número de dias do calendário, causando prejuízo estimado em mais de R$ 350.000.
Fonte: G1/RO