O titular da Delegacia de Homicídios da cidade, Núbio Lopes, apresentou nesta quinta-feira (27) a conclusão do inquérito que investigava a morte do casal Abrão Fernandes e Geovana de Assis, assassinados a tiros no dia 13 de dezembro, no Bairro Bela Vista, em Vilhena.
De acordo com o delegado, o suspeito Wesley do Nascimento de Souza, de 26 anos, alegou em depoimento, que foi ao encontro de Abrão somente para conversar, (já que ele estava sendo ameaçado por ter tido um caso com Geovana).
Na ocasião, o suspeito disse que foi surpreendido por Abrão, que sacou uma arma e para se defender, Wesley começou a atirar na vítima. “Corri para debaixo da árvore e ali Geovana entrou na linha de fogo. Ela foi atingida pelos disparos efetuados por Abrão contra mim, em seguida, sai correndo atrás do Abrão, alcancei, atirei e matei ele na esquina”, contou Wesley em depoimento.
Núbio Lopes disse ainda, que Wesley relatou no depoimento, que já tinha esgotado as munições da arma dele, sendo que tinham 17 na pistola, e que mesmo assim pegou a arma de Abrão e o executou com mais tiros. “A versão apresentada pelo infrator Wesley, conhecido como Ceara, é de que inicialmente tudo decorreu de ameaças recebidas por Abrão e, em razão do relacionamento que ele tinha tido com Geovana. Outro fato que Wesley alegou, é que a arma que matou Geovana foi a arma de Abrão. Abrão errou um tiro e matou Geovana”, disse o delegado.
INVESTIGAÇÃO DESMENTE VERSÃO DE SUSPEITO
Núbio Lopes explicou que a equipe de investigação descobriu que no dia do crime, o veículo Fiat Uno de cor cinza, pilotado por Wesley chegou próximo à casa das vítimas por volta da 5h30min da manhã. “Então, uma pessoa que se presta a ficar nas imediações da casa de alguém, a partir desse horário, não estaria ali por acaso, ele esta ali determinado. Será que foi lá para conversar? Na opinião da Polícia Civil não”, conta.
Segundo o delegado, foi apurado também, que Geovana já havia comentado com familiares que ela e Abrão estavam sendo ameaçados. “Mas, ela não queria entrar em detalhes a cerca do que estava acontecendo, justamente, porque não queria envolver seus familiares”, disse.
Outro ponto investigado pela polícia, é que desde o início do namoro entre Geovana e Abrão, a vida da adolescente se resumiu a ficar o tempo todo com o namorado, já que ambos trabalhavam na mesma empresa e moravam juntos. “A menina não tinha liberdade de ter um telefone próprio, ou seja, se ela quisesse mandar uma mensagem para a mãe ela pegava o Whatsapp do marido”, pontua Lopes.
De acordo com o delegado, a partir dessa análise, se concluiu que era impossível que Geovana tivesse tido um relacionamento com Wesley, como afirmou o suspeito em seu depoimento. “Isso significa que a motivação do homicídio do Wesley contra o Abrão e contra Geovana não tem nada haver e nunca teve do fato dela de ter mantido qualquer tipo de relação com ele”, relata.
Núbio Lopes disse que no dia do crime, ficou evidente que foi uma emboscada. Ele explicou também que Wesley não só estava desde 5h30min da manhã próximo à casa das vítimas esperando, como também passou na frente da residência diversas vezes. A polícia apurou ainda que os disparos foram sequências no início, intercalados e sequências de novo.
Conforme o delegado, quando começaram os disparos de arma de fogo, Abrão deixou a moto no chão e saiu correndo e acabou sendo atingindo por um tiro no braço e várias vezes nas costas. A vítima caiu na esquina da rua e ali mesmo foi executado.
Wesley havia alegado que agiu contra Abrão por legítima defesa, mas Núbio disse que não há qualquer possibilidade, até porque o suspeito não tinha nenhum ferimento provocado por arma de fogo. O exame de corpo delito feito em Wesley confirmou. “Então, Abrão não teve tempo de esboçar qualquer defesa, exceto a de correr, por isso, ele deixou a moto cair no chão, porque estava em fuga e viu que a situação era fatal”
Já Geovana, segundo Núbio, foi executada pelo suspeito. Wesley havia alegado no seu depoimento que a adolescente tinha sido baleada por Abrão durante a troca de tiros, mas a informação não confere.
A equipe de investigação constatou que no exame de Geovana, foi localizado três perfurações de projéteis de arma de fogo: uma no antebraço e outras duas na cabeça. Conforme a necropsia, os dois tiros na cabeça foram feitos de cima para baixo. “Portanto, ela foi executada com dois tiros na cabeça quando estava caída ao solo e os projeteis ficaram alojados na base do crânio”, disse.
Ainda de acordo com Núbio, provavelmente, Geovana foi assassinada pelo suspeito Wesley, para que ela não delatasse quem era o executor.
DETALHES NÃO MENOS IMPORTANTE
- Outro ponto que chamou atenção na investigação foi que Geovana, Abrão e Wesley estavam reunidos na tarde do dia anterior do crime junto com outros colegas tomando uma bebida chamada “tereré”.
- Outro detalhe que Geovana também sabia e que mencionou com familiares é que Abrão foi o autor do assassinato do vigia Edson Antônio Pereira, de 42 anos. O crime aconteceu no dia 1° de julho deste ano em um posto de combustível no centro. RELEMBRE AQUI
CONCLUSÃO
Wesley foi indiciado por duplo homicídio triplamente qualificado: motivo torpe, sem dar chance de defesa às vítimas e morte (de Geovana) para assegurar sua impunidade.
Texto: Redação Fv
Fonte: Folha de Vilhena