A nave Soyuz nasceu na época da Corrida Espacial pela conquista da Lua, sendo originária de um programa sob mesmo nome desenvolvido pela extinta União Soviética, e atualmente a nave passou aos domínios de programas espaciais russos. Enquanto isso, em 2017, três jovens vilhenenses estiveram reunidos conversando sobre uma nova dupla que surgiria: a Soyuz.
A dupla composta pelas belas vilhenenses Fernanda (25 anos, formada em Letras pela Universidade Federal de Rondônia – Campus Vilhena, 25 anos) e Lívia Nunes (19 anos, pesquisadora na Universidade Federal de Rondônia – Campus Vilhena e acadêmica de Letras), irmãs de sangue e de música, esbanjam seus talentos nos espaços culturais e privados de Vilhena.
COMO SURGIU A SOYUZ
A dupla Soyuz surgiu em 2017, após o término de uma parceria das cantoras com os também artistas Willy Santos e Sandro Vieira. “A Soyuz nasceu muito pela necessidade de mudar o nome artístico da dupla, porque antes nós nos apresentávamos como Lívia e Fernanda, e acabava se tornando muito nome de dupla sertaneja”, explicou Lívia Nunes.
As cantoras contam em entrevista ao FOLHA que conversaram bastante sobre qual seria o nome de sua nova formação artística e que, em um determinado momento, chegaram à conclusão de usarem o termo ‘Soyuz”: “inclusive tivemos ajuda do Willy na escolha, porque ele sabe que nós somos alternativas. A gente estava falando sobre uma nave espacial que se chama Soyuz, da União Soviética, que foi construída para duas pessoas decolarem, viajarem, subirem para o mundo… por isso, a gente deu uma pesquisada e como éramos uma dupla, ficou bem sugestivo”, narra Fernanda Nunes.
A jovem pesquisadora Lívia conta que seu interesse pela música veio de uma forma bem inata, através do seu interesse pela Arte no geral (dança, música, teatro, etc.) porém, seu instinto musical foi aflorado de forma ativa quando sua irmã – Fernanda – começou a ingressar nesse mundo e a tocar.
“Já para mim, a música surgiu como uma forma de refúgio”, menciona Fernanda, “porque eu sempre fui muito tímida. Então, a Arte me acolheu e me ajudou muito”. A artista relata que com essa inserção no mundo musical, coisas como apresentar trabalhos universitários tornaram-se um pouco mais tranquilos, devido ao fato de ela já ter conseguido superar algumas barreiras da timidez por meio da música.
A BANDA OS ALIENISTAS
No ano anterior, os quatro artistas (Fernanda, Lívia, Sandro e Willy) estiveram mergulhados em uma parceria musical chamada Os Alienistas. Se encontrando por acaso em um corredor da Universidade Federal de Rondônia – Campus Vilhena, o trio Lívia-Fernanda-Willy formou uma amizade que caminharia para uma estrada músical curta, mas produtivamente positiva. Posteriormente, antes do término da parceria musical, entraria o quarto integrante da banda, Sandro Vieira.
A banda era marcada pela vertente experimental da música, trabalhando arranjos mais ousados e melodias não tão habituais à cidade vilhenense acostumada (e muito acomodada) ao sertanejo e/ou funk.
Enquanto estavam na banda, os cantores/instrumentistas fundaram um evento denominado Agostarte. Após algum tempo de experiências melódicas compartilhadas, os jovens resolveram seguir caminhos diferentes em sua jornada profissional, embora ainda compartilhem o gosto e contribuam para a manutenção do evento Agostarte, além de realizarem apresentações sob o nome Alienistas em alguns eventos.
O AGOSTARTE
O projeto Agostarte foi uma ideia inicialmente do artista Willy Santos, mas que passou muito tempo guardada. Dentro da formação d’Os Alienistas, o evento ganhou cara e forma através da união com Lívia, Fernanda e Sandro, além de vários outros produtores culturais de Vilhena, que ergueram o Agostarte e o colocaram em funcionamento.
“O nome foi escolhido justamente para que esse evento acontecesse em todos os meses de agosto, mas deu muito certo e nós vimos essa precariedade para os artistas alternativos se apresentarem, nós resolvemos fazer mais edições. O Agostarte acaba sendo um movimento bem coletivo, com várias pessoas na organização, da qual saímos na terceira edição”, relata Lívia, que participa ativamente dos eventos com apresentações junto à Fernanda.
AS DIFICULDADES EM SER ARTISTA
Inerente ao mundo feminino, situações de constrangimento são presenciadas ou vivenciadas por mulheres em todas as profissões, incluindo na música. Lívia e Fernanda não hesitam em concordam com a colocação, principalmente levando em consideração o comportamento social atual.
“Temos que tomar cuidado até com a roupa que nós vamos usar. Dependendo do lugar, podemos ser assediadas e ainda receber essa ‘culpa’ pelo assédio… se uma mulher está tocando com uma saia, por exemplo”, cita Lívia ao falar sobre os momentos que (não somente elas, mas as artistas mulheres no geral) sofrem em determinadas ocasiões. As artistas explicam ainda que a ordem parece bem clara: homens e mulheres parecem gostar mais de ouvir uma voz masculina cantando a uma feminina.
Elas ainda apontam a discriminação sofrida até mesmo na hora da contratação, onde muitas vezes uma artista mulher não é contratada pelo simples motivo de um contratante pensar que ela não será capaz de conseguir mover seus equipamentos. Os horários noturnos, preferência dos eventos em sua maioria, são outra constante no mundo feminino. “O importante é que não temos medo de lidar com isso. Se a pessoa chegar ao extremo, polícia. E acho que tem a questão de eu ser muito alta também, meio que intimida as pessoas”, Lívia comenta com bom humor.
A CAMINHADA DO SOYUZ
Com uma média de seis músicas autorais, e algumas outras que estão guardadas na gaveta, a dupla vem se apresentando nas edições do Agostarte e em eventos privados, de acordo com as contratações que surgem. Experimentando desde o autoral até o cover, a Soyuz ‘flutua’ por todos os estilos e gostos.
Atualmente as meninas trabalham esporadicamente na música, devido aos assuntos universitários de Lívia e o trabalho desenvolvido em outra área profissional por Fernanda. E embora tenham o desejo de serem essencialmente artista da música, as jovens têm consciência de que na cidade de Vilhena esse é um assunto delicado.
O APOIO CULTURAL
Lívia é bem sucinta em afirmar que o apoio dos órgãos públicos talvez não tenham o efeito que se espera para a promoção cultural de Vilhena. No caso do Agostarte, que é essencialmente um projeto independente, ela menciona o fato de que se houvesse um ‘apoio’, o evento deixaria de ter uma pegada individual para trazer uma ‘cara de evento público’.
Já Fernanda não hesita em discordar: “A Prefeitura na verdade deve oferecer esses projetos mais culturais, não só uma vez ao ano. Porque pelo menos antes os artistas pelo menos tinham lá um espaço para tocar o sertanejo, a música alternativa, o ritmo que fosse. Dizem que agora irá voltar a haver esse espaço, não tenho certeza. Mas querendo ou não, quando existia a noite da Seresta havia isso. Muitos artistas foram descobertos por lá (inclusive nós), e eles devem isso ao evento”.
O QUE FICOU
As artistas vilhenenses, talentosas e aplicadas, também relataram um pouco de suas histórias nesse caminho que tem trilhado na Música, suas travessuras e suas emoções. Lívia afirma que um momento marcante em sua vida musical foi sua participação em um evento escolar popularmente conhecido como FERA, onde ela teve contato com várias outras pessoas e talentos, e quando se apaixonou ainda mais por esse mundo artístico musical.
Enquanto isso, Fernanda relembrou carinhosamente seu momento marcante: “foi quando eu peguei meu primeiro solo de música e minha mãe ouviu, ela saiu correndo para ver de onde era que estava vindo o som. Foi o momento em que percebi que aquela aplicação, aquele estudo que eu estava fazendo tinha dado resultado”.
A dupla Soyuz segue se apresentando em algumas edições do projeto Sexta Rock no Village, Agostarte e em contratações de âmbito privado, tendo como base a (des)harmonia de irmãs e o amor pela Música e o que ela representa em suas vidas.
Texto: Mizellen Amaral
Fonte: Folha de Vilhena
Fotos: Mizellen Amaral – Folha de Vilhena/Divulgação – Facebook
Vídeos: Canal do Youtube Willy Santos