“Todos são muito diferentes, mas isso me deu uma grandeza de visão do que nós temos aqui, e acredito que esse tempo longe só me fez entender como sou e o local ao qual pertenço”, conta Jhon Douglas, artista plástico.
Vilhena tem experimentado recentemente um grande avanço na representação da cultura local, através de vários projetos e ações que possibilitaram a busca e resgate de aspectos até então desconhecidos ou esquecidos na memória da sociedade vilhenense. Projetos como a “Posse Cultural”, “Identidade Visual”, e algumas ações de artistas como Jhon Douglas Marin vêm agregando muito disso para a cidade.
Com trinta anos e uma carga cultural muito bem trabalhada e acrescentada durante as viagens que fez por vários países da América Latina e Europa, Jhon Douglas não demora em afirmar que independente do lugar que more, Vilhena sempre será sua casa. “O tempo que morei fora agregou muito para mim no sentido de desenvolver uma percepção de que eu realmente sou de Vilhena, que sou do mato, que temos tradições e culturas mais simples por serem interioranas. Também as nossas relações e entendimentos de vida que eu fui reconhecendo com o passar do tempo viajando”.
Artista plástico desde 2012, Jhon Douglas realizou alguns trabalhos de pintura em muros estrategicamente colocados na cidade, com traços distintos e cores animadas, durante os dez meses em Vilhena. “Acredito que a cidade merece ter outra perspectiva, motivá-la a ver coisas diferentes, então percebi um muro com uma boa localização e a dona Ângela – dona da casa e uma das pioneiras aqui de Vilhena, entrevistada pela Posse Cultural, aliás – permitiu que eu deixasse uma pintura para a cidade”.
Em entrevista, ele explica que pintar se tornou algo muito natural com o passar do tempo. A mistura de tintas, os desenhos expressivos, tudo acaba ganhando uma espontaneidade aprimorada através dos anos. A liberdade também se torna um fator muito importante para contribuir na desenvoltura artística, segundo Jhon Douglas.
O artista aponta também para a necessidade de se investir e tornar visível a cultura da cidade, os trabalhos artísticos locais e valorizar o que Vilhena apresenta. “É preciso trabalhar nessa parte, envolver-se com a cultura, nos projetos e participar mais da área cultural ou dos meios políticos (sem estar preocupado com a questão de gestão ou de lados). Há a necessidade de escolher mesmo Vilhena, dar uma nova janela para quem está aqui para poder fazer sua arte, poesia, escrever, desenhar, pintar, montar seu grupo de música”.
Além das pinturas, Jhon também participou da criação dos projetos “Identidade Visual” (pensado e desenhado por ele, como uma forma de reconhecimento local cultural, da qual as obras feitas forma doadas à Fundação Cultural de Vilhena), e a “Posse Cultural” (um site pensado para colher depoimentos de moradores da cidade, retratando histórias e aspectos vilhenenses), dentre outras ações para reafirmação da cultura local.
“Acredito que deixei bem completo o trabalho no tempo em que estou aqui, fiz muita coisa que planejei, além de realmente ter um pé na cultura. Então penso que agora isso só tende a crescer, são projetos que não tem fim para o vilhenense e que se manterá com o tempo. Estou indo viajar agora, mas acredito que quando voltar trarei novas ideias e projetos que poderão ajudar mais ainda a questão cultural da cidade”, Jhon afirma.
Texto: Mizellen Amaral
Fonte: Folha de Vilhena
Fotos: Divulgação