“Eu sou mulher trans, descobri isso com oito anos. Desde essa idade já sabia e sentia que tinha nascido em um corpo errado. Eu era uma menina nascida em corpo de menino. Eu não sou gay, sou mulher trans”. Esse é o relato de Sabrina Fernandes, técnica de atenção e proteção ao público LGBT da Seas (Secretaria Estadual de Assistência e Desenvolvimento Social). Ela luta para que as mulheres trans tenham seu espaço garantido sem dor e sem preconceito.
“O preconceito social é muito forte. Sei que não é fácil entender essa nova realidade, mas as pessoas devem respeitar. Cada um vive a vida como sabe viver. Todos os dias tenho me transformado na pessoa que sempre sonhei ser: uma mulher. Todos os dias lutamos para manter a vida”, resume.
O Brasil é o país que, em números absolutos, mais registra assassinatos de travestis e transexuais, todos os anos. Segundo relatório nacional da violência, em 2017 foram 445 registradas por homofobia, sendo 191 de pessoas trans e 43 de lésbicas. Mortes motivadas por identidade de gênero. 56% dos episódios acontecem em vias públicas e 37% é dentro da casa das vítimas. Números que demonstram que, por enquanto, não há muito o que comemorar e a importância do trabalho voltado à criação de políticas públicas voltadas à inserção e proteção de mulheres lésbicas e trans.
“É comum ouvir feministas dizendo que o problema da lesbofobia deve ser trabalhado pelo Movimento LGBT, com o que não concordo. A lesbofobia é problema do Movimento Feminista e do Movimento LGBT. Portanto, lesbofobia é violência contra mulher da mesma forma que outras violências sofridas pelas mulheres pelo fato de serem mulheres. A lesbofobia também é crime homofóbico, que assume específicas formas por se tratar de violência contra mulheres. Em resumo, não apenas neste dia 8 de março, mas especialmente nele, precisamos lembrar que a luta e a resistência são necessárias para que todas as mulheres tenham suas existências compreendidas e respeitadas”, resume Sabrina.
Fonte: Governo de Rondônia