Investigação aponta que mulher deu três comprimidos de Clonazepam a aposentado de 85 anos. Famílias de outras duas vítimas já compareceram na delegacia, denunciando a suspeita.
A cuidadora de idosos suspeita de matar um idoso com remédio, ficou cinco horas na companhia do corpo da vítima, sem pedir socorro, segundo a Polícia Civil.
As investigações apontam que a mulher deu três comprimidos de Clonazepam ao aposentado de 85 anos, na última terça-feira (8). Após ingerir o remédio, o homem passou mal e morreu.
Mesmo percebendo a morte, ela só foi chamar o Corpo de Bombeiros horas depois. A mulher foi presa e encaminhada para o presídio feminino do município. Durante as apurações da polícia, famílias de outras duas vítimas fizeram denúncias contra a suspeita.
Ao delegado responsável pelo caso, Thiago Araújo Laiola, a mulher de 51 anos contou que estava em uma praça, no dia seis de agosto deste ano, quando o idoso a convidou para trabalhar na casa dele. Ela disse que havia acabado de sair da casa de uma idosa, não tinha para onde ir, e por isso, aceitou o emprego.
Já instalada na casa do aposentado, a suspeita narrou que fez uma consulta médica na segunda-feira (7), pois sofre de transtorno bipolar, depressão e síndrome do pânico. Ela pegou uma receita de medicamentos controlados e comprou os remédios com o dinheiro da vítima.
“Estamos checando tudo o que ela relatou. Segundo ela, de segunda para terça, o idoso estaria perturbando ela, e por conta disso, ela resolveu dar três medicamentos para ele, de uma só vez”, ressalta o delegado.
Ainda conforme o depoimento, a suspeita contou que toma dois comprimidos de Clonazepam por dia; um de manhã e outro à noite, mas resolveu dar três remédios à vítima.
“Isso foi logo após o almoço, na terça. Meia hora depois que ele ingeriu os comprimidos, ela percebeu que ele estava passando mal na sala da casa. Ela o colocou no sofá, e enquanto ele estava passando mal, ela se retirou da sala e foi continuar fazendo os afazeres domésticos”, destaca Thiago.
Conforme o relatado, a mulher voltou 15 minutos depois e percebeu que a vítima estava com a boca aberta, amarela e sem vida.
“Ele morreu naquele momento, e segundo a conduzida, ela ficou com ele na sala por cinco horas. E só na noite de terça-feira que ela resolveu acionar o Corpo de Bombeiros, dizendo que ele tinha acabado de falecer. Fato esse que não procede, porque o perito foi lá e disse que pela situação que se encontrava o cadáver, fazia algumas horas que ele tinha falecido”, enfatiza.
Latrocínio
Um inquérito foi instaurado e a mulher fio indiciada por latrocínio; roubo seguido de morte. Apesar da ocorrência da morte do idoso não constar o roubo de objetos, o delegado considerou um caso anterior, onde a suspeita agiu da mesma maneira para roubar uma idosa de 73 anos. Além disso, Thiago recebeu o depoimento de um Policial Militar (PM), que atendeu o caso.
“Ela confessou ao policial que já praticou vários roubos dessa maneira. Primeiro ela ministra medicamento na vítima, reduz a capacidade de resistência da vítima, e posteriormente ela subtrai os bens dela. Então, considerando a ocorrência passada, que estamos investigando, e o depoimento do PM, concluímos que a conduzida queria subtrair os bens e, para tanto, deus os medicamentos para a vitima”, explica Thiago.
O delegado ainda ressalta que, após a prisão da mulher, famílias de duas outras vítimas compareceram na delegacia, denunciando que ela usou dos mesmos métodos anteriormente.
Em um dos casos, a polícia já concluiu que houve roubo, pois os produtos da vítima foram recuperados com a mulher, na casa do idoso falecido.
“Outras vítimas podem comparecer na delegacia, mesmo sem ter registrado ocorrência, que vamos tomar todas as medidas para gente identificar quando foi isso; qual período que essa cuidadora ficou próxima ao idoso; qual reação do idoso, e se houve ou não mudança no comportamento das vítimas”, diz.
Sobre a contratação de cuidadores, o delegado faz um alerta para as famílias.
“As pessoas devem tomar muito cuidado, pois idosos são pessoas fragilizadas, que precisam de mais atenção nessa fase da vida. É fundamental ver a procedência do profissional, e não pegar qualquer pessoa”, adverte.
Na necrópsia do idoso, foi retirado material do corpo e enviado para um laboratório em Porto Velho, para realização de exame toxicológico. A Polícia Civil continua com as investigações.
Idosa enganada
Uma mulher de 43 anos procurou a Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam) na última segunda-feira (7), para informar que a mãe acolheu a suspeita em casa no dia 28 de julho deste ano. No dia 29 do mesmo mês, a idosa adormeceu e só acordou no dia 30.
A família procurou ajuda médica e nenhum dos exames apresentou alterações que justificassem a sonolência da idosa. No último domingo (6), a filha foi comunicada de que a suspeita saiu da residência da aposentada com algumas sacolas. Com isso, a mulher foi até o endereço e encontrou a mãe sonolenta.
No quarto onde a suspeita dormia, foi encontrado uma cartela do medicamento carbonato de lítio 300 mg. Os parentes também perceberam que vários objetos foram levados da casa. Com isso, suspeitaram que a mulher tivesse dopado a idosa para furtar a casa e procuraram a polícia.
Relembre o caso: Mulher é presa sob a suspeita de ter envenenado idoso que veio a óbito no setor 08
Fonte: G1 Rondônia e Folha de Vilhena