A Polícia Federal (PF) descobriu que um beneficiário do Bolsa Família estava usando o dinheiro para abastecer uma caminhonete de luxo em Guajará-Mirim (RO), a 300 quilômetros de Porto Velho. As investigações do caso iniciaram em 2013 e foram divulgadas nesta quarta-feira (9). Após ser interrogado, o homem confessou usar o dinheiro do benefício para colocar combustível no próprio veículo.
Segundo a PF, as investigações de fraudes no Bolsa Família em Guajará-Mirim iniciaram em 2013. Neste período, os delegados descobriram várias pessoas recebendo o benefício de forma indevida desde 2003, entre elas três conselheiras tutelares que foram condenadas pela Justiça para devolver todo dinheiro recebido.
Outra descoberta foi a de um homem que usava o Bolsa Família para abastecer a caminhonete de luxo com gasolina. Conforme a PF, o condutor foi interrogado e em depoimento confessou que usava o benefício nos postos de combustível.
Entre os investigados estão vários funcionários públicos da prefeitura, que teriam fraudado informações no cadastro, alegando serem de famílias de baixa renda. Os casos apurados foram encaminhados ao Ministério Público Federal (MPF). Os investigados serão ouvidos pela Justiça Federal e consequentemente devem ser obrigados a devolver o dinheiro à União, além de responder criminalmente.
Recadastramento
Devido às fraudes descobertas em todo país, em Guajará-Mirim, os beneficiários estão sendo convidados por meio de correspondência a fazer o recadastramento anual para continuar recebendo o auxílio. Os recadastramentos estão sendo realizados na Prefeitura Municipal, através da Secretaria Municipal de Trabalho e Assistência Social (Semtas).
Em entrevista ao G1 nesta quarta-feira (9), o coordenador do Programa em Guajará-Mirim, Reinaldo Mendes Cuellar, declarou que no município existem 3.480 cadastros de beneficiários, mas que pelo menos 200 deles são de pessoas que não se enquadram nos critérios para receber o benefício. Segundo ele, os fraudadores podem responder criminalmente e além de serem presos serão condenados a devolver o dinheiro.
“As irregularidades estão acontecendo em todo Brasil e Guajará não está diferente dessa realidade de recebimentos indevidos, que tiram o auxílio da família que realmente precisa. Estamos combatendo através de ações de averiguação cadastral e com ajuda da Polícia Federal nas investigações. Tivemos um caso de três ex-conselheiras tutelares que foram denunciadas em 2015, e neste ano, a Justiça determinou que elas devolvessem o dinheiro que receberam através de cadastros irregulares no Bolsa Família”, diz o coordenador.
Reinaldo informou ainda que existem duas linhas de concessão que são utilizadas como critérios de seleção para recebimento do benefício: famílias em linha de extrema de pobreza (com renda per capita e R$ 0 a R$ 85) e de pobreza (com renda per capita de R$ 85,01 até R$ 170).
Fonte: G1