Justiça de RO possui atualmente 42 processos relacionados ao crime.
Dados são relativos ao ano de 2016; veja perfil das vítimas e agressores.
A violência gerada pelo abuso sexual contra crianças e adolescentes em Rondônia já soma 427 inquéritos policiais instaurados na Delegacia de Proteção à Criança e Adolescente (DEPCA). Na 2ª Vara do Juizado da Infância e da Juventude (2º JIJ) já são 216 processos abertos abertos só este ano. Deste número, 42 estão relacionados a crimes sexuais. Embora os índices tenham apresentado queda, os números preocupam as autoridades.
Dados divulgados pelo Tribunal de Justiça de Rondônia (TJRO) e Polícia Civil (PC) mostram diminuição nos índices de violência. Segundo relatório, 431 processos deram entrada no 2º JIJ em 2014. Do número total, 112 foram de natureza sexual. Em 2015, foram iniciados 369 processos na vara, sendo 82 contra crimes sexuais.
Em 2014, foram registrados 104 casos de violência sexual, segundo a Polícia Civil (PC). Em 2015, 163. Neste ano já somam 57 casos registrados na DEPCA. Para a delegada Luciane Pedrosa, trata-se de uma redução no índice .
Perfil das vítimas
O perfil das vítimas varia. Na média, meninas de 4 a 13 anos são os alvos principais dos agressores, que costumam ser homens de 30 a 70 anos de idade.
“Gostaríamos de fazer uma pesquisa maior sobre isso. Não significa que não há vítimas e agressores de idades diferentes”, diz a delegada. Segundo ela, dos casos registrados na delegacia, os agressores são normalmente são pessoas próximas da família, como pai, padrasto, tios, vizinhos e avô.
Para o psicólogo do 2º JIJ, Marcos Paulo Soares, é perigoso falar em perfil. Há agressores sexuais em todas as camadas sociais e não há nada específico que determine um motivo para que uma pessoa cometa uma agressão sexual contra uma criança ou adolescente. Mas existem elementos de natureza psicológica e sociais que podem favorecer o ato violento.
“Um sujeito desempregado, vivendo conflitos de natureza conjugal ou que faz uso abusivo de álcool e outras drogas. Esse é um tipo de ambiente favorável para um sujeito abusar de uma criança como forma de aliviar a tensão”, explica.
Segundo Marcos Paulo, o que pode favorecer um ambiente de abuso é justamente aquela família que não consegue perceber as dificuldades da criança ou adolescente que costuma externar os sentimentos. “Ela não vai falar de maneira verbal”, garante.
Sintomas de violência
As famílias precisam ficar atentas ao comportamento dos filhos, que geralmente apresentam sintomas para comunicar que algo está errado. Não há como afirmar os sintomas que signifique um abuso, mas que a criança está vivendo uma dificuldade de relacionamento.
Os profissionais de saúde alertam para que os pais fiquem atentos se a criança começar a responder às brincadeiras com violência, apresentar distúrbios de sono como pesadelos ou acordar chorando. Distúrbios alimentares, criança que come muito ou passa a comer pouco também são indícios.
Há casos em que a criança que já tinha controle sobre as necessidades fisiológicas como xixi e cocô regredir, voltem a apresentar problemas nesse sentido.
Traumas
Pessoas que sofreram abusos na infância geralmente se tornam adultos com dificuldades de se relacionar no emprego e familiares, de acordo com o psicólogo. Por isso, se a violência não tiver intervenção adequada, os danos podem se estender por toda a vida, especialmente se o abuso for praticado por alguém da própria família.
“Aquele sujeito que deveria proteger e comete a violência faz com que a criança se torne insegura e comece a pensar e agir através de percepções equivocadas da realidade social. Aquela pessoa que passa a ter medo de tudo, a não confiar em ninguém, o mundo lhe é hostil porque as figuras paternais representativas lhe falaram”, diz o psicólogo Marcos Paulo.
Denúncias
A denúncia de abusos sexuais podem ser feitas anonimamente e de forma gratuita através do Disque 100, 197 da Polícia Civil ou (69) 3227-2799. A DEPCA funciona 24 horas para registro de ocorrência na Rua Getúlio Vargas, N° 2643, Bairro São Cristóvão.
Segundo a delegada Luciene Pedrosa, a partir do momento que a denúncia é registrada, um inquérito policial é instaurado e se a vítima se sentir ameaçada é possível instaurar uma medida protetiva.
Do G1