DESCASO
Desde a entrada da escola até os banheiros, tudo muito precário. Portas caindo, paredes com buracos, banheiros em péssimas condições. Segundo os pais, as crianças correm riscos com animais silvestres e peçonhentos que podem procurar abrigo dentro das salas de aula
Existente há aproximadamente 30 anos, a Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Progresso, localizada na área rural, a cerca de uns 35 km de Vilhena, sentido cidade de Colorado do Oeste, no setor do Perobal está há mais de 17 anos aguardando a construção de um novo prédio.
O jornal Folha de Vilhena recebeu imagens da triste situação que se encontra a estrutura do imóvel, além de diversas queixas relatando o abandono. Situação esta que segundo os pais, acaba colocando em risco a vida dos alunos. Os pais que clamam por um pouco de atenção das autoridades, informaram que a denúncia foi registrada no Ministério Público em Vilhena, no dia 25 de agosto e que aguardam esperançosamente por uma boa notícia.
A rede educacional possui hoje 213 alunos, que segundo informações, no início do ano o número era maior, porém, alguns pais solicitaram a transferência dos discentes para uma escola que pudesse oferecer melhores condições aos pequenos.
A escola Progresso atende desde o pré-escolar até o 9º ano do ensino fundamental, com crianças a partir de quatro anos. Porém, três salas são cedidas à Escola Estadual Machado de Assis que atendem aos alunos do Ensino Médio, do 1º ao 3º ano.
Conforme as imagens pode-se notar que as paredes estão com as madeiras podres, cheias de buracos, os pisos estão quebrados, alguns até remendados com cimento, visando evitar a queda dos alunos. O desconforto é total, em dias de calor, os alunos mal conseguem permanecer em sala de aula, que possuem janelas pequenas e cobertas com pedaços de panos, para evitar a entrada do sol e em dias de chuva, segundo uma mãe, “é um Deus nos acuda! No início das aulas cheguei à sala da minha filha e as carteiras estavam todas amontoadas num canto, porque no meio da sala chovia muito e a professora com balde e rodo tentando tirar o excesso da água e os alunos encolhidos num outro cantinho da sala. É de partir o coração”, desabafou uma mãe.
O colégio conta hoje com 30 servidores, que inclusive, alguns deles já foram alunos desta escola e revelam que desde aquela época escutam promessas e mais promessas de que em breve receberão uma nova estrutura. No ano de 2010, o prefeito José Rover esteve participando de uma reunião com os pais, onde realizou promessas de construir uma nova escola, solicitando que os pais colocassem em um papel, quais eram as principais necessidades da escola que tudo seria analisado e logo mais efetivado. Mas, cinco anos se passaram e até hoje, alunos, professores, servidores e pais sofrem com o descaso da administração.
Em entrevista com a diretora da escola Edmara Caetano, ela informou que assumiu a gestão da escola neste ano de 2015, e que a manutenção em geral, ou seja, carteiras, merendas e outros detalhes mínimos a administração envia para a escola. Mas alguns pais ainda afirmam que a merenda ofertada aos alunos é de péssima qualidade, não recebem frutas e houve até ocasião em que a escola teve que pedir açúcar emprestado de um morador vizinho para adoçar o suco da garotada.
“Desde a entrada da escola até os banheiros, é tudo precário. Portas caindo, paredes com buracos enormes, banheiros em péssimas condições, pátio e quadra de areia, onde animais deitam, dormem e defecam, pois não tem como ficar toda hora tocando os bichinhos. A cozinha, a mesa que servem a merenda aos alunos é caótica, fora que, não tem lugar pra todo mundo sentar e algumas crianças comem em pé. A sala de informática é improvisada num Trailer velho, com apenas um computador prestando”, desabafou um pai.
Os pais também revelam que em dias chuvosos, alunos que residem longe não conseguem assistir aula, pois as estradas também são precárias. Inclusive, a Folha de Vilhena divulgou essa semana uma denúncia de produtores da Linha 01, que reivindicam melhores estruturas na estrada, na qual, as crianças daquele setor também estudam na escola Progresso.
Uma das mães também revela que existem reclamações em todos os cantos da escola. “O lavatório parece mais com um tolero de animal do que algo que deveria ser para a higiene dos alunos. A fossa entupida levanta um mau cheiro que fica insuportável. Nenhuns dos banheiros possuem fechaduras, fora que o telhado tá pra cair”, declarou.
Um dos responsáveis por um aluno da escola revelou à Folha que a receberam diversas informações, que há tempos, a prefeitura havia recebido a verba para construir uma nova escola, porém, nunca viram chegar qualquer carga de material de construção no local.
E para concluir a denuncia, ao término desta reportagem, uma mãe informou que havia recém-descoberto que os alunos que fazem parte do Programa Mais Educação estão realizando o lanche no horário das 10h20 e ao meio dia não tem mais almoço, logo fazem outro lanche às 14h.
Nossa reportagem entrou em contato com o Secretário de Educação do município, José Arrigo, e de acordo com o secretário, a nova escola está sendo licitada e muito em breve sairá do papel, “o processo já está na CPL e o dinheiro também já está na conta, peço que tenham um pouco mais de paciência”, declarou.
Na última sexta-feira, 18, a equipe de manutenção da prefeitura esteve na escola para colocar novas fechaduras que foram adquiridas pela diretora do local, pois segundo informações, a Semed não possui verbas para aquisição de materiais. Na oportunidade, a equipe levou o lixo escolar, que deve ser recolhido toda sexta-feira, mas uma funcionária da escola informou que o lixo estaria no local há um mês, que além do mal cheiro, os animais também já estavam esparramando o lixo.
Porém, mesmo com tantos problemas e com os diversos obstáculos, a escola foi destaque nos últimos Jogos Escolares da Juventude realizado na cidade de Fortaleza-CE, em que, as alunas da escola Progresso conquistaram o 4º lugar na modalidade de futsal, representando o estado de RO. Destacando ainda, que diversos alunos que concluíram o Ensino Fundamental e Médio nesta escola, hoje cursam faculdades federais, tanto em RO quanto em outros estados.
Texto: Jesica Labajos
Fotos: Folha de Vilhena