Os trabalhadores do JBS Friboi de Rolim de Moura foram surpreendidos nesta sexta-feira (31) com a notícia de que o sindicato SINTRA-ALI realizou uma negociação secreta com o JBS Friboi, no dia anterior (30), para tratar da questão da suspensão das demissões por cinco meses (lay off) e das indenizações adicionais. A reunião teria sido feita às escondidas, pois havia uma outra negociação oficialmente agendada, durante a audiência na Justiça do Trabalho no último dia 22, para o dia 29 às 18 horas na Câmara dos Vereadores, na qual compareceram a comissão de trabalhadores, o SINTRA-ALI, a Confederação Brasileira Democrática dos Trabalhadores nas Indústrias da Alimentação (CONTAC) e a CUT. Entretanto, de forma desrespeitosa o JBS Friboi não compareceu.
Anteriormente, em assembleia conduzida pelo próprio SINTRA-ALI, tinha sido eleita uma comissão de representantes dos trabalhadores que deveria obrigatoriamente participar de todas as reuniões de negociação com o JBS Friboi; além disso, foi aprovado que qualquer decisão, como contraproposta, só deveria ser tomada em assembleia da categoria. Depois, no dia 24 em assembleia dos trabalhadores foi aprovada a suspensão das demissões por cinco meses, assegurando o direito de demissão imediata para quem quisesse; além do pagamento de indenizações nos moldes do acordo do Marfrig de Chupinguaia e de pagamento das parcelas de seguro desemprego usadas durante o lay off como verba indenizatória, a exemplo dos acordos fechados recentemente no setor automotivo.
Nesta assembleia do dia 24 ainda aconteceu o fato inusitado do SINTRA-ALI permitir que a gerente de RH da empresa participasse da assembleia e ainda defendesse a proposta da empresa; sendo que ela causou temor generalizado quando afirmou que o frigorifico seria fechado se a proposta da empresa não fosse aceita sem modificações. Portanto, essa decisão posterior do Sindicato, de participar de negociação com o JBS Friboi sem a presença da comissão de trabalhadores e ainda rebaixando a contraproposta aprovada no dia 24 é ilegítima, pois reduziu a reivindicação de 6 para 5 meses na cesta alimentação; o pagamento de salários adicionais de 2 para 1,5 para quem tem até dois anos de serviço e de 3 para 2 para quem tem acima de dois anos de trabalho; além de ter retirado curso de qualificação profissional e a indenização do seguro desemprego para quem permanecer no lay off.
Desde que o JBS Friboi anunciou o fechamento do frigorífico de Rolim de Moura no último dia 15 de julho que o SINTRA-ALI, vem tendo um comportamento no mínimo estranho. Pois a entidade não tomou nenhuma medida jurídica para reverter as demissões; apesar do presidente do Sindicato ter anunciado várias vezes, inclusive em reuniões, que já tinha ingressado na Justiça. Entretanto, a única medida judicial de fato ngressada foi pelo Ministério Público do Trabalho (MPT), por solicitação da Central Única dos Trabalhadores (CUT), que resultou numa liminar que suspendeu todas as demissões e está permitindo negociações para ampliar os direitos dos trabalhadores. Para CUT e a CONTAC o SINTRA-ALI perdeu qualquer credibilidade para conduzir as negociações, sendo mais seguro para os trabalhadores deixar isso a cargo do MPT e da Justiça, com acompanhamento das entidades e da comissão de trabalhadores.
Assessoria