Moeda opera em alta depois de atingir o maior valor em 12 anos.
Valores pesquisados pelo G1 variam de R$ 3,48 a R$ 3,74.
O dólar comercial ultrapassou a barreira dos R$ 3,35 nesta sexta-feira (24), e fechou cotada a R$ 3,347 – o maior patamar de fechamento desde 2003. A moeda norte-americana disparou após o corte nas metas fiscais do governo alimentar temores de que o Brasil pode vir a perder seu valioso grau de investimento. Essa forte alta refletiu na cotação nas casas de câmbio, que vendem o dólar turismo, valor que é sempre maior que o divulgado no câmbio comercial.
O G1 pesquisou o preço do dólar em casas de câmbio de São Paulo e encontrou valores acima de R$ 3,50 na moeda em espécie e de R$ 3,70 no cartão pré-pago por volta das 15h30, já incluindo o IOF (Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros). Os preços ainda podem variar durante o dia.
Na Confidence, o preço do dólar em espécie era vendido a R$ 3,55. No cartão pré-pago era de R$ 3,74.
Já na Cotação, a moeda era R$ 3,55 em espécie e de R$ 3,73 no cartão. A atendente disse que dependendo do valor haveria desconto na cotação. A reportagem estipulou a compra em R$ 1.000, e a casa de câmbio baixou o valor da moeda para R$ 3,51 em espécie e R$ 3,71 no cartão pré-pago.
Na Daycoval, o valor era de R$ 3,51 em espécie e de R$ 3,72 no cartão. “A volatividade está muito grande, não conseguimos segurar o valor por mais de 15 minutos, aí já muda de novo, é o valor mais alto dos últimos 12 anos”, disse o operador de câmbio Vinicius Ometto.
Na Action, os valores cobrados foram R$ 3,57 em espécie e R$ 3,74 no cartão. A empresa também ofereceu desconto dependendo do valor a ser comprado. A reportagem estipulou a compra em US$ 1.000, e a casa de câmbio baixou o valor da moeda para R$ 3,55 e R$ 3,72, respectivamente.
Na Treviso, a moeda norte-americana era vendida a R$ 3,48 em espécie e a R$ 3,67 no cartão. “A procura pelo dólar no cartão pré-pago caiu mais de 90% desde que o IOF subiu para 6,38%, então a gente cortou o spread para deixar o preço mais em conta. Mas ainda assim as pessoas preferem levar a moeda em espécie”, disse Roberto Mahmoud, consultor de câmbio da mesa de operações.
Segundo o operador, a procura por dólar caiu 70% nesses últimos dois dias por causa da disparada da cotação. “Em comparação com um dia normal, quando eu normalmente fecho 20 operações, hoje fechei quatro”, conta Mahmoud.
“O pessoal acredita sempre numa queda. Mas há momentos em que mesmo com o dólar em alta, as pessoas começam a ficar com medo, acham que vai subir mais ainda e passam a comprar porque pensam que a tendência é só aumentar. Mas no geral quando baixa vende melhor”, explica.
Como funciona
O dólar de turismo, também usado por consumidores para comprar algo no exterior ou mesmo quando importam produtos de outros países, é mais caro que o dólar comercial – usado pelas empresas e bancos para as outras transações realizadas no mercado de câmbio, como exportação, importação e transferências financeiras.
O preço pago pelo dólar leva em consideração os custos administrativos e financeiros. Segundo o Banco Central, a taxa de câmbio pode variar de acordo com a natureza da operação, da forma de entrega da moeda estrangeira e de outros componentes tais como valor da operação, cliente, prazo de liquidação etc. Como os consumidores compram volumes menores que as empresas e outros bancos, esses custos tendem a ser maiores.
Fonte: G1