Para uma empresa manter-se competitiva, necessita se sobrepor em relação aos seus concorrentes, com atributos que lhe confiram vantagens, que decorrem de sua capacidade em agregar valor ao seu produto ou serviço.
Sabemos do desafio de lidar com as incertezas e instabilidades, num mundo em transformação.
Uma ferramenta é a qualidade do trânsito das informações entre as áreas da organização, a fim de que toda a empresa esteja mais capacitada, aproveitando melhor as oportunidades e contornando ameaças.
O aumento do volume de informações traz uma dificuldade em seu tratamento e utilização.
Encontrar dados não é mais um problema, mas sim achar o tipo certo de informação e garantir fluidez no seu compartilhamento, respeitando critérios e limites, sem a qual não se pode almejar produção de conhecimento, apenas formação de “silos”.
Com a análise do ambiente organizacional, pode-se adotar métodos para mitigação de silos.
Os silos em nossas vidas surgem em nossa infância e permanecem por toda a nossa vida, em que nos tornamos parte de grupos de relacionamento.
Isso por si só não se traduz em problema, vez que indivíduos com interesses comuns se identificam.
Estes vínculos se formam por múltiplos motivos, tais como afinidades de formação acadêmica, por atividades desenvolvidas, pela área de atuação, entre outros. Corroborando com a natureza humana, organizações elaboram mecanismos que, sem cuidado, podem fortalecer a formação de silos.
São exemplos
- Competições, eventos institucionais, isolados de áreas, símbolos das áreas, instalações diferenciadas, benesses orçamentárias, entre tantas outras que podem carregar boas intensões, mas acabam sendo catalisadores dos silos.
- Estes silos possuem gestores, que defendem suas áreas, por vezes em favor de seus próprios objetivos pessoais, como interesses de ascensão profissional, disputas pelo poder, com intrigas, manipulações, articulações e até severas críticas a bons projetos de áreas concorrentes.
- Trata-se de um fenômeno estrutural que afasta a empresa de bons resultados. A valorização dessa cultura departamentalista promove colaboradores que abraçam a causa daquele gestor específico, e não necessariamente da empresa, em troca de recompensas, bônus, privilégios e proteção.
- Exemplo clássico são atritos entre as áreas de Vendas e Pós-Venda, em que uma alega que o papel dela é “vender” e a outra alega que “venderam errado” não observando que o cliente, razão da existência da organização, está sendo negligência.
Como podemos mitigar ou desestimular os silos, se são parte das relações humanas e parecem análogos às estruturas corporativas?
Avaliações
Atuar nas políticas de remunerações variáveis, para desestimular a manutenção e formação de novos. Nas avaliações, deve-se discutir as atitudes de cada indivíduo.
Compartilhar experiências e conhecimentos devem refletir em melhor remuneração, premiações e promoções.
Portanto, os resultados coletivos se sobrepõem aos silos. Interação de áreas: relacionamentos entre áreas formam a cultura.
O bom relacionamento tem como premissa a necessidade de que as pessoas se conheçam.
Programas de integração de novos colaboradores e interação dos já existentes fazem com que as pessoas se sintam mais conectadas e participativas, despertando sentimento de equipe.
Estruturação e implantação de projetos com pessoas de várias áreas atuando como equipe de trabalho multidisciplinar, podem trazer resultados significativos.
Rotação de trabalho
“Job rotation”, técnica de treinamento onde um colaborador aprende atividades de outras áreas por tempo determinado, se familiarizando com o ‘todo’.
A melhor compreensão dos processos e as suas dificuldades, melhoram o relacionamento das equipes.
Liderança aderente
Mesmo líderes experimentados, sem o devido cuidado com os valores e perfil comportamental, podem contribuir para a formação ou fortalecimento de silos.
- Líderes precisam ter perfis convergentes àquela empresa, para poderem inspirar, incentivar as pessoas, eliminar barreiras, articular o senso de propósito e trabalhar a sua cultura.
- Diversidade de pessoas e de ideias é impulsionador de resultados. Abre portas e quebra hierarquias. Silos não promovem estes caminhos.
- Remeter a organização a um novo patamar competitivo passa pela valorização da crença que as pessoas podem pensar e ter ideias diferentes, mas todas alinhadas aos mesmos valores e o intento de se fazer bem e o melhor para a organização.
É importante que a serenidade e tolerância ajude as organizações a não se abaterem pelas adversidades e divergências, pois a eliminação dos silos não será mais um diferencial competitivo no futuro, mas apenas uma premissa básica para a sua sobrevivência.