A Justiça de Rondônia condenou 19 pessoas da mesma família por integrarem um “grupo de extermínio” em Monte Negro (RO). “Os Mato Grosso”, como são conhecidos, administravam um esquema de tráfico de drogas e teriam matado cerca de 100 pessoas em um período de dez anos, segundo investigações da Polícia Civil.
De acordo com informações apresentadas no processo, a família começou a atuar no crime há mais de 10 anos. Eles eram contratados por empresários para cobrar dívidas e abordavam as vítimas com violência, além de ameaças e extorsões.
Ao longo dos anos a fama de ‘matadora’ da família foi crescendo na região e eles se organizaram como um grupo criminoso. A sentença aponta que as consequências dos crimes são “gravíssimas”, já que eles causavam terror na população.
As investigações policiais apontaram que os parentes matavam qualquer pessoa que desafiasse ou desrespeitasse a família.
O líder da organização criminosa está entre os condenados. Segundo a sentença, foi ele quem deu o nome de “os Mato Grosso” para a organização. A pena do réu foi de 9 anos, 9 meses e 320 dias de reclusão. No entanto, como ele está preso desde 2021, deve cumprir sete anos, 11 meses e 24 dias de pena em regime fechado.
A esposa do líder também foi condenada. Segundo a Justiça, ela auxiliava o esposo armazenando, ocultando e distribuindo armas de fogo e outros produtos ilícitos. Além disso, quando o marido foi preso, a mulher assumiu o posto de líder temporária. A ré foi condenada a quatro anos e oito meses de reclusão, mas deve cumprir 2 anos e 6 meses porque se encontrava presa desde 2021.
Sogro, irmãos, cunhados e outros familiares do líder criminoso também foram julgados. O grupo foi condenado por crimes como homicídio qualificado com características de grupo de extermínio, tráfico de drogas, receptação, roubos e extorsões em Rondônia. Juntas, as penas ultrapassam 70 anos.
Além das 19 pessoas da família que foram condenadas, pelo menos outros seis integrantes ainda devem ser julgados.
Operação Xeque-Mate
Em abril de 2021, 31 integrantes da família foram presos durante a Operação Xeque-Mate, deflagrada pela Polícia Civil. Na época, as autoridades policiais revelaram que ao menos 30 assassinatos já tinham sido confirmados e relacionados com a “família Mato Grosso”.
Ao todo, 35 mandados de prisões foram autorizados pela Justiça, e os agentes conseguiram cumprir 31 nas cidades de Ariquemes (RO), Monte Negro, Ouro Preto (RO), Jaru (RO), Porto Velho, Guajará-Mirim (RO), Costa Marques (RO), Paranatinga (MT) e Sapezal (MT).
Mais de 100 policiais participam da operação, que conta ainda com 35 viaturas, quatro cães, um helicóptero, Core, Samu, e Politec.
Quase sete meses depois, mais dois integrantes da família – irmãos – foram presos em uma operação conjunta da Polícia Civil de Rondônia e Mato Grosso. Um deles era o chefe da organização. Ambos já tinham sido alvo da polícia, mas conseguiram escapar do cerco na primeira tentativa.
JARUONLNE