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Último Tanaru, conhecido como ‘Índio do Buraco’, é enterrado no sul de Rondônia


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(Foto: Reprodução)

Foi enterrado nesta sexta-feira (4) o corpo do indígena que se tornou conhecido como o “Índio do Buraco”. A cerimônia foi conduzida pelo indígena Purá, do povo Kanoé, que vive na mesma região, no sul de Rondônia, na presença de funcionários da Funai.

Os indígenas seguiram os rituais e tradições mais comuns entre os povos da região e o último Tanaru foi sepultado na palhoça onde morreu.

O corpo foi encontrado no local há mais de dois meses, no dia 23 de agosto, e só foi enterrado nesta sexta por uma decisão da Justiça Federal de Rondônia, que atendeu a um pedido do Ministério Público Federal.

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O presidente da Funai, Marcelo Xavier, queria que o sepultamento esperasse os laudos dos exames feitos pela Polícia Federal para tentar identificar, entre outras coisas, a etnia dele.

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Tanaru era conhecido como o Índio do Buraco porque tinha o hábito de fazer escavações. Ele viveu por mais de 25 anos sozinho na terra indígena, depois que todos os outros integrantes de seu povo foram assassinados por invasores em 1995.

Ao sobreviver e se manter na área, Tanaru ajudou a proteger a terra indígena do avanço do desmatamento. Uma portaria de restrição de uso da área tem validade até 2025.

Agora surge uma outra questão: o que será feito com a terra? Depois que o Tanaru morreu, fazendeiros da região entraram com um pedido na Funai para ter direito à área, que teria sido comprada por eles em leilão na década de 1970. Os fazendeiros alegam que não há mais nenhum indígena no local e a Funai já estuda a possibilidade de revogar a portaria de restrição de uso da área.

Em um parecer à Justiça Federal, a Funai repete o argumento dos fazendeiros de que a afetação, a restrição da área, ocorreu unicamente pela presença do índio isolado. Logo, a sua morte faz desaparecer o usufruto e a afetação da área, devendo a posse retornar para os particulares titulares da posse ou domínio anteriormente à afetação e a restrição do uso.

O Ministério Público Federal recomendou à Funai que adote medidas para preservar o local como terra indígena, em memória do povo Tanaru, e se for necessário, pode entrar com uma ação na Justiça.

“A terra que é indígena pertence à União, com o direito de posse e usufruto aos povos indígenas. Não há mudança dessa natureza pelo fato de o Índio do Buraco ter falecido. Ela permanece como terra da União e terra indígena”, diz o procurador Daniel Luís Dalberto, do MPF- RO.

Fonte: G1RO

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