A professora Elaine Cosmo, de 36 anos, alega que foi demitida de uma escola particular de Cerejeiras (RO), após explicar para os alunos “de onde vêm os bebês”. Segundo a docente, alguns pais interpretaram a aula como uma forma de “retirar a inocência das crianças”.
Elaine leciona para alunos do 5º ano, que possuem entre 10 e 11 anos. Ela relatou ao g1 que tudo começou quando uma das crianças perguntou “como os bebês são feitos?”.
“Ela [a aluna] falou: ‘professora eu perguntei para minha mãe como os bebês são feitos e ela mandou eu perguntar para a senhora’. Aí eu falei para levantar a mão quem sabia. Só 4 crianças não sabiam de onde os bebês vinham”.
Ainda de acordo com a professora, o diálogo seguiu com a seguinte explicação:
“Para fazer uma criança é preciso um homem e uma mulher. Os dois, juntos, em um ato sexual – quando eles forem maiores de idade e responsáveis – vão conceber um bebê. A mulher é quem vai gerar, porque ela tem o útero, e o homem é quem fabrica o espermatozoide. Eu fui um espermatozóide um dia, você foi, todo mundo aqui foi”.
No dia seguinte, Elaine diz que foi convocada na escola para uma reunião com a direção e coordenação. Ela teria sido informada que os pais dos alunos não estavam contentes com o conteúdo demonstrado em aula e exigiam uma providência.
O argumento utilizado é que a professora teria utilizado “gestos obscenos” para explicar o assunto, o que ela nega veementemente.
“Eu fui impedida até de levar o meu material didático na escola. Eu não pude ir na escola, não pude me despedir dos meus alunos. Fui tratada igual a um bicho. Não foi me dado em nenhum momento uma chance de eu ao menos explicar de onde surgiu esse conteúdo, quem tinha me feito a pergunta e porque eu expliquei. Eu só fui lá para ser demitida, não fui para ser ouvida”, desabafa.
Segundo Elaine, quando ela se despediu no grupo de responsáveis criados no WhatsApp, recebeu ligações de pais que não sabiam sobre o pedido de demissão, mesmo a direção da escola alegando que foi um pedido feito em nome de todos.
A professora pedagoga, que já atua na área há mais de oito anos, relata que entrou com uma ação na Justiça para garantir os direitos.