Um advogado denunciou que foi atacado duas vezes, no mesmo dia, ao tentar atravessar um bloqueio feito por manifestantes que são contrários ao resultado das eleições. As agressões verbais teriam ocorrido no trajeto de Cacoal (RO) a Pimenta Bueno (RO), no início da semana.
A vítima, Gervano Vicent, relatou no boletim de ocorrência que foi abordado por estar com o adesivo do presidente eleito Lula (PT) no carro.
O primeiro episódio teria acontecido na saída da cidade de Cacoal. Gervano narra que os manifestantes cercaram seu carro e começaram a chutar e bater no veículo: “alegaram que eu não poderia continuar a viagem”.
O advogado estava no local por motivos de trabalho. Ele seguia viagem até um presídio para atender um cliente que se encontra preso provisoriamente. Para conseguir sair do local, o advogado necessitou do auxílio de agentes da Polícia Rodoviária Federal (PRF). Ele conta que a placa e um retrovisor do carro foram danificados na ocorrência.
No mesmo dia, ainda durante o trajeto, próximo à cidade de Espigão D’Oeste (RO), outros manifestantes teriam abordado Gervano pelo mesmo motivo: os adesivos do carro. O caso foi registrado na Polícia Civil.
“Vieram cerca de 20 pessoas e cercaram o meu veículo, me ofendendo com palavras de baixo calão, devido ser eleitor do Lula. Tentei argumentar com o grupo de pessoas, mas rapidamente arrancaram todos os adesivos do carro, batendo na lataria e dizendo que eu devia levar uma surra”, relembra.
Outros relatos de agressões
Durante o fim de semana, uma vereadora do Partido dos Trabalhadores (PT) também procurou a polícia para denunciar que ela e os familiares foram agredidos durante um protesto na BR 364, em Jaru (RO).
De acordo com a parlamentar, cerca de 100 manifestantes estavam em volta do seu carro xingando e impedindo sua passagem. Uma delas teria arrancado o adesivo do veículo e outras causaram outros danos.
“Ela [uma manifestante] bateu no vidro do carro, meu menino abaixou e ela começou a xingar. Os outros fecharam a BR com pneus e de imediato juntou todo mundo ao redor do meu carro. Um moço alcoolizado queria enforcar meu filho no banco do carro”, relembra.
Em uma das interdições, dois jornalistas da Rede Amazônica Rondônia, afiliada da TV Globo, também foram atacados por manifestantes que não aceitavam o resultado das eleições.
Durante cobertura jornalística em Porto Velho os profissionais foram cercados. Em um vídeo feito no local é possível ver que aproximadamente 10 homens cercam o veículo da emissora e um deles chuta violentamente a porta do carro.
Nota de Repúdio
A Ordem dos Advogados do Brasil, seccional em Rondônia (OAB-RO), emitiu uma nota de repúdio contra os episódios relatados por Gervano. Confira um trecho:
“As divergências políticas são naturais em uma democracia, assim como a livre manifestação de ideias e a liberdade de reunião, que encontram limites em outros direitos de igual assento constitucional.
Em nenhuma hipótese é aceitável a agressão física, moral ou psicológica contra quem quer que seja em razão da discordância, seja ela qual for. Ainda pior é agredir um profissional da advocacia que apenas passava no local para cumprir seu ofício, de atender a um cliente, sendo alvo de chutes e batidas
A OAB Rondônia é defensora intransigente da paz social e se posiciona totalmente contrária à violência. Defendemos o Estado de Direito, onde as diferenças são resolvidas de maneira civilizada e observando preceitos legais”.
Manifestações
Os bloqueios ocorrem por conta de manifestações de apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (PL), derrotado nas urnas no dia 30 de outubro. Em Rondônia, as manifestações começaram logo após a divulgação do resultado do segundo turno das eleições, que declarou o então candidato Lula como eleito.
Desde então, a PRF chegou a divulgar a liberação total das vias por duas vezes, após ação de negociação. No entanto, em alguns trechos os manifestantes acabaram voltando. Até a tarde desta quarta-feira (9), uma interdição se concentrava na BR-364, em Vilhena (RO).
Fonte: G1RO