Cerca de 200 produtores rurais denunciam que estão com pagamentos atrasados, após o fechamento de um laticínio em Cerejeiras (RO). A empresa teria entrado com processo de recuperação judicial, no início do mês, e fechado as portas sem avisar os prestadores de serviço.
Gilson Santos e Francielly Borges são alguns dos produtores afetados. A família deles entregava leite para o laticínio há mais de 25 anos, passando de geração para geração. Até que foram surpreendidos com o comunicado de falência feito pela empresa.
“Ela [representante da empresa] mandou um áudio para outro produtor pedindo desculpa e avisando que o laticínio tinha aberto falência. Para nós mesmo eles não deram satisfação nenhuma”, relembra.
Segundo Francielly, eles estão sem receber o pagamento de dois meses de serviço e sem previsão de quando a dívida será quitada, mesmo sendo a única fonte de renda que o casal possui. Outros produtores estariam até um ano com pagamento atrasado.
Gilson e Francielly entregavam cerca de 80 litros por dia ao laticínio, cobrando uma média de R$ 1,50 por litro. A empresa deve, somente para eles, aproximadamente R$ 3 mil.
“As contas chegaram todas, o mercado venceu, agropecuária venceu, farmácia venceu, a gente precisa comprar remédio para as vacas e não tem dinheiro, está muito complicado. Eles falaram que não vão pagar agora, só a Justiça que vai determinar o dia de pagar”.
Outros produtores estão há mais tempo sem receber e precisaram recorrer a outro comprador para sobreviver. Diego Cristóvão deixou a empresa em agosto de 2021, por conta do pagamento atrasado, e desde então ainda não recebeu.
“Eu entregava para eles na faixa de 100 a 120 litros de leite por dia. Aí por mês ia dar cerca de quatro mil litros de leite. Eles me devem R$ 6 mil”, comenta.
Recuperação Judicial
Segundo informações que o g1 teve acesso, o imóvel onde funciona o laticínio foi dado como garantia de uma dívida para uma instituição financeira cooperativa.
A empresa teria recebido um aviso para quitação do débito em 48 horas, mas após o prazo o pagamento não foi realizado e o imóvel foi repassado para a instituição financeira, como determinava o acordo.
O g1 tenta localizar a defesa do laticínio.
FONTE: G1RO