Em vídeo, servidores criticam o prefeito e reclamam da falta de talheres na creche.
Três professoras de uma creche de Comodoro (MT), a 110 km de Vilhena (RO), foram afastadas, após divulgarem um vídeo que mostra crianças de 2 e 3 anos comendo com as mãos, porque segundo as servidoras, a creche não tem talheres para os pequenos. As imagens estão circulando nas redes sociais.
No vídeo compartilhado por servidoras da creche Cantinho Feliz, é possível ver os alunos, em horário de intervalo, comendo a merenda com as mãos. As servidoras criticam o prefeito e falam sobre a falta de talheres na creche.
As imagens mostram as crianças, num primeiro momento, inseguras e estranhando o fato de terem que comer com as mãos, mas passam a usá-las após a professora incentivá-las. “Come, meu amor, pega com a mãozinha. Pode pegar”, diz ela.
Em seguida, uma profissional pergunta “o que está acontecendo”, e na sequência, a servidora responde: “esse é o prefeito bom que vocês botaram!”, diz, ironicamente.
Um documento de comunicação interna datado do dia 22 de fevereiro mostra um pedido feito ao almoxarifado da Prefeitura pela nutricionista da escola, Francianny Schmidt, solicitando a entrega de 200 talheres descartáveis para a unidade.
O prefeito do município, Rogério Vilela (Podemos), disse que os responsáveis pela falta dos talheres serão responsabilizados e alvos de um processo administrativo disciplinar. Além disso, ele informou que está tomando providências para averiguar se, de fato, faltam talheres, como o denunciado.
A creche municipal Cantinho Feliz atende a cerca de 150 crianças e, desde que voltou ao atendimento presencial este ano, tem enfrentado a falta de infraestrutura. Não há talheres e as crianças têm comido com garfinhos descartáveis, para bolo, o que já causou acidentes antes, conforme o presidente do Sindicato dos Servidores Municipais (Sismuc), Tarcísio Lírio
“As professoras filmaram como um ato de indignação, porque estavam vendo as crianças comerem com as mãos, e antes era com garfinho pra bolo, descartável. Aquilo já imprensou na boca de uma criança e foi muito difícil tirar”, conta Tarcísio.
Após tomar conhecimento da circulação do vídeo em grupos de WhatsApp, o prefeito de Comodoro, Rogério Vilela, afastou duas servidoras. Depois, uma terceira professora enviou o vídeo a um vereador, pedindo ajuda. No entanto, o vereador contou ao prefeito e ela também foi afastada.
“Foi um ato de repúdio das professoras. Os professores se sentem como uma segunda mãe ou segundo pai das crianças, daí vê uma situação daquela ali. Pode ter errado em mostrar o rosto das crianças, mas a intenção era outra, era denunciar o descaso. Focar o caso na exposição das crianças ao invés do descaso, é uma maneira que o prefeito está achando de tirar o dele da reta”, disse o presidente do Sindicato.
O Sismuc já está tomando providências judiciais. “O processo já está em andamento, porque é uma injustiça. Seria muito mais simples a administração assumir o erro, do que colocar a culpa nos professores. Se é um filho meu que está naquela creche, eu dou parabéns pra um professor daquele. Está cuidando. É melhor fazer um vídeo, do que esperar acontecer uma tragédia, uma criança engolir um garfinho daquele ali”.
Rogério Vilela publicou um vídeo na tarde do mesmo dia dizendo que foi uma atitude impensada das servidoras, e que se solidariza com as famílias atingias.
“Quero me dirigir às famílias de Comodoro que foram atingidas de forma indevida com as imagens e fotos da creche Cantinho Feliz. Imagens produzidas por servidoras do município e tiveram esta atitude impensada em divulgar essas imagens para dizer que estaria faltando talheres no local. Quero me solidarizar com as famílias atingidas”, disse.
O prefeito disse ainda que abriu um processo administrativo e que também vai pedir que o Ministério Público (MP) investigue o caso.
“Quero dizer as famílias que nós tomamos providências, estamos averiguando se faltou ou não os talheres. Vamos apurar e quem errou vai responder por um processo administrativo disciplinar. Quero dizer para as famílias que fiquem tranquilas, não vai ficar desta maneira. A partir da abertura do processo administrativo, enviamos para o Ministério Público”, disse.
Por: diariodaamazonia