A criação de rãs para alimentação humana é um nicho de mercado inusitado estudado por pesquisadores do curso de Engenharia de Pesca da Universidade Federal de Rondônia (Unir).
A protagonista da pesquisa é a rã-touro – Lithobates catesbeianus – espécie apontada como a de melhor desempenho e produtividade. Estão envolvidos no projeto quatro professores da Unir, seis alunos e quatro produtores locais, sem vínculo com a instituição.
Segundo o professor doutor aquicultura e coordenador do projeto, Donovan Felipe Henrique Pinto, atualmente no ranário no campus Presidente Médici vivem 40 rãs adultas e já reproduziu mais de 8 mil girinos. Os girinos nascidos no local foram devolvidos aos produtores que cederam os animais.
Sobre o valor econômico, o professor explica que atualmente a comercialização do quilo limpo está em torno de R$ 80. Já as coxas, consideradas partes nobres, são vendidas no estado por R$ 190 o quilo, em média.
“Esse é um nicho de mercado que poderia ser aberto em Rondônia, pois os animais se reproduzem em grande quantidade, o ano inteiro. O ranário precisa de uma manutenção diária pequena. Além disso, o animal é rústico e aguenta ser manejado, o que é uma característica boa para animais de produção”, comenta o pesquisador.
Mas e o gosto?
Para comparação, a rã varia entre os sabores do peixe e do frango e é considerada uma carne muito saudável. Apontada como um artigo de luxo na alta gastronomia.
“É bem leve. É uma carne com menos de 3% de gordura, então podemos até dizer que é fitness”, diz o professor.
Criação
O animal nasce na água e tem seu primeiro período de desenvolvimento nela — como girino. Após três meses passa pelo estágio de metamorfose e então se transforma em rã. É necessário levar esse processo em conta para a criação do animal, que depende da água, mas também de um espaço seco para se alimentar.
Por isso o ranário pode ser construído como um tanque, com redes e divisórias para cada processo, entre eles: de reprodução, para engordar o animal e tanques de retenção.
“Existem vários tipos de baias. No caso da Unir, que é voltada para pesquisa, elas são feitas com lonas e alvenaria. As telas de proteção são muito importantes, pois devemos evitar ao máximo que os animais fujam para natureza e se confrontem com nossas espécies locais”, explica o professor Donovan.
Conforme as pesquisas a rã-touro é norte-americana, foi trazida para o Brasil na década de 1930. Atualmente nosso país é o segundo maior produtor de rã em cativeiro do mundo, perdendo apenas para a China.