Ativa, alegre e curiosa. Essas são algumas das características da personalidade da Yasmim, de 12 anos. Rondônia tem duas crianças aptas para adoção, mas uma delas já está com processo em andamento, com isso, Yasmim é a única que ainda aguarda por uma família.
O processo de adoção não é rápido, pois é necessário que todas as decisões judiciais estejam direcionadas para a segurança e proteção da criança. (Veja no final da reportagem o que é necessário para adotar).
Segundo a assistente social do Núcleo Psicossocial da Vara de Proteção à Infância e Adolescência de Rondônia, Emeriana Silva, predomina em todo Brasil um perfil de crianças que geralmente são mais procuradas: as mais novas, geralmente bebês. O fato de Yasmim já ter 12 anos e a condição da síndrome de Down estão entre os fatores que dificultam a adoção.
Yasmim já foi acolhida em uma das instituições públicas do estado em 2018. Ela chegou a ser cuidada por parentes e em outro momento por uma família que pretendia adotá-la, mas nenhuma das duas tentativas foram bem sucedidas e há dois anos ela aguarda por um lar.
Diante da situação, a Vara de Proteção à Infância abriu uma busca ativa para encontrar uma família para a Yasmim. A assistente social comenta que apesar dela precisar de uma supervisão de adultos, é completamente independente na maioria das atividades cotidianas.
“Ela demonstra interesse pelas pessoas que se aproximam dela, sinaliza e pergunta algumas coisas sobre as pessoas”, conta.
Busca ativa procura família para Yasmin — Foto: TJ-RO/Divulgação
A assistente social aponta a busca por conhecimento como um dos principais passos para dissipar mitos e preconceitos, que geralmente são ligados ao processo de adoção, e criam esse perfil.
“É importante prepara-se para receber um filho (a) real e não imaginário. A adoção exige que cada pai, cada mãe, se desprenda de certos paradigmas e se abra para aceitar aquela criança ou aquele adolescente com toda sua “bagagem”, toda sua história de vida”, ressalta.
Acolhimentos e Adoções
Nos dois últimos anos de pandemia, o número de crianças acolhidas caiu 8,2% se comparado com os dados de 2018 e 2019. Uma das possíveis causas para essa diminuição seria a ausência de aulas presenciais. Em quatro anos, quase mais de 1 mil crianças foram acolhidas em Rondônia.
“A escola é uma das principais fontes de identificação de situações de risco e/ou vulnerabilidade e os casos não chegavam aos Conselhos Tutelares ou outros acessos de denúncia”, comenta Emeriana.
Os números de adoções também foram afetados nos últimos anos, apresentando uma queda de 27%. No entanto, atualmente só existem duas crianças aptas à adoção no estado: a Yasmim e uma outra criança que já está com um processo em andamento.
Passo a passo do processo de adoção
- Se informar sobre as documentações necessárias e prepará-las;
- Fazer um pedido de habilitação para adoção na Vara da Infância;
- Participar do curso preparatório para a adoção;
- Passar por avaliação psicossocial.
Caso o pedido de habilitação seja aprovado através de sentença judicial, os candidatos serão inscritos no Sistema Nacional de Adoção para aguardar a notificação de uma criança que se encaixe no perfil escolhido. Durante a pandemia, todas as ações passaram a ser virtuais.
De acordo com a assistente social, tanto os possíveis pais quanto as próprias crianças são preparadas para adoção através de vários processos. Momentos como de luto por perda da família biológica, por exemplo, são trabalhados com atendimento psicossocial.
“Crianças também têm suas expectativas em relação aos pais que virão e por isso quando uma família é identificada para adotar determinada criança/adolescente, passam a receber atendimento focado nesse processo de transição e vinculação afetiva aos novos pais”, aponta.
FONTE: G1/RO