Um paciente de Rondônia, que foi transferido ao Paraná para tratar a Covid-19, conseguiu rever o pai após quase 30 anos sem contato. O reencontro foi feito pela internet e organizado com ajuda da equipe médica de um hospital de Curitiba.
O vendedor Francisco Avelaneda, 38 anos, ficou 11 dias internado em Curitiba com 80% dos pulmões comprometidos por causa da doença.
Ainda internado, ele pediu aos profissionais de saúde para reencontrar o pai, que não via há quase 30 anos: “Fiquei assim, com muito medo de morrer e não rever meu pai”, contou o vendedor.
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“Para ele, ainda mais estando fora da cidade, da família estar tão longe, o que ele mais precisava era sentir que tinha o carinho do pai por perto”, disse a assistente social Cristiane Noronha.
Francisco contou que os pais se separaram quando ele ainda criança. O pai dele, Décio Rodrigues de Souza, formou outra família e eles nunca mais tiveram contato.
Após o pedido, uma mobilização começou e, pelas redes sociais, o pai de Francisco foi encontrado. Décio se casou e mora, atualmente, em uma aldeia na região de Alta Floresta D’Oeste, a 530 km de Porto Velho.
Os parentes do vendedor e a equipe médica organizaram um reencontro virtual. Por causa do sinal da internet, pai e filho gravaram vídeos um para o outro.
“A distância de onde eu estou para onde você está é muito longe, mas meus pensamentos e minhas orações estão voltados para tua melhora, meu filho”, disse Décio no vídeo.
Na conversa, os dois também marcaram um reencontro presencial. Francisco já recebeu alta do hospital e voltou para Rondônia. Apesar disso, o encontro ainda não pôde ser feito.
“A Funai tem uma cerca precaução da contaminação. Então, acho que devido a isso ele não foi liberado. Sempre quis abraçá-lo e sinto que esse dia está chegando”, contou Francisco.
Transferências
No final de janeiro, o Paraná começou a receber pacientes de Rondônia para tratamento da Covid-19 por causa da situação crítica enfrentada no sistema de saúde de estados do norte do país.
O primeiro voo chegou ao Paraná no dia 25 de janeiro. À época, 13 rondonienses foram trazidos ao estado em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB).
Na quarta-feira (10), mais quatro pacientes foram transferidos para o estado. Todos foram levados para o Hospital do Rocio em Campo Largo, na Região Metropolitana de Curitiba.