O brutal assassinato de Maria Teresa Resna, no dia 17 de fevereiro, foi elucidado pela Delegacia de Homicídios da Polícia Civil de Vilhena, em parceria com a Polícia Militar de Novo Plano. Graças ao trabalho realizado, o homem até então identificado como autor do crime, Pedro Bueno Pereira, pode ter sua inocência comprovada.
Os detalhes do caso vieram à tona durante uma coletiva de imprensa, nesta sexta-feira (26 de fevereiro), presidida pelo Delegado Núbio Lopes.
A PRISÃO DO INOCENTE
Segundo Núbio, a prisão de Pedro, conhecido popularmente como Baco-Baco se deu, pois todos os indícios do crime apontavam para o então suspeito. Teresa Resna foi morta no terreno ao lado da propriedade dele, tendo inclusive uma testemunha relatado que ouviu quando a vítima havia ‘implorado’: “não, Baco-Baco, não!”.
Outro testemunho deu conta ainda, de que Baco-Baco teria caminhado para longe do corpo, se afastando da vítima já falecida. “Então todos os indícios levavam a crer que realmente tinha sido Baco-Baco o autor do crime”, comentou o Delegado da Polícia Civil.
AS PRIMEIRAS PISTAS SOBRE O SUSPEITO
Durante a investigação policial, os investigadores descobriram um terceiro individuo possivelmente envolvido. Testemunhas afirmaram terem visto o rapaz correndo com os chinelos nas mãos, nas proximidades do crime e mesmo horário.
Outro elemento que também chamou a atenção da polícia foi a gravidade da lesão sofrida. Teresa havia sido atingida por golpes de madeira com uma intensidade tão severa que causou esmagamento de crânio. Baco-Baco, ainda considerado o autor, além de apresentar uma aparência muito franzina estava doente nos dias que antecederam e sucederam o crime.
O COMEÇO DO CERCO
Depois de considerarem as circunstancias dos fatos, os investigadores decidiram ir até Novo Plano. Na cidade, convocaram o terceiro envolvido na história para depor sobre o dia do crime.
O primeiro estranhamento veio bem antes: o suspeito chegou aproximadamente uma hora e meia antes do horário marcado para o depoimento. No desenrolar dos acontecimentos, a polícia descobriu que o suspeito e Maria Teresa tinham um relacionamento amoroso.
Também apurou que a testemunha cujo depoimento resultou na colocação de Baco-Baco na cena (ao dizer que ouviu a vítima dizendo não a ele) estava do outro lado da rua na casa em frente. Além disso, a testemunha ‘capinava’ o terreno com um matagal denso e alto. Com isso, os investigadores concluíram que ela poderia ter se enganado com o significado das palavras devido às circunstancias em que estava.
E um último detalhe (usado para comprovar a autoria do namorado de Maria Teresa) foi uma prótese dental deixada no local do assassinato, que pertencia à vítima. Posteriormente, uma pessoa também testemunhou que havia visto o suspeito seguindo a vítima, e correndo um tempo depois com os chinelos nas mãos.
A INVESTIGAÇÃO FINAL
A explicação do criminoso para estar correndo descalço seria a de que ele preferia correr sem calçados, e isso era uma atividade natural do seu cotidiano. Porém, a informação foi rebatida já que ele não praticava esportes.
“O suspeito não foi no local do crime, depois que Maria Teresa foi encontrada. Qual é o ser humano que mantém intimidade com outra pessoa e não quer ir lá? Porque é um sentimento que envolve o carinho, amor, a afeição… A pessoa quer ir até a vítima, para tentar prestar um apoio mesmo que inútil naquele momento triste da vida do parceiro”, comentou Núbio Lopes.
Já nos últimos momentos da investigação, os investigadores descobriram que o suspeito fazia uso de remédios para esquizofrenia e estava há três meses sem ir até o Posto de Saúde pegar as doses necessárias.
A CONFISSÃO
O suspeito foi então intimado novamente, onde foi informado sobre todos os detalhes levantados pela Delegacia de Homicídios. Foi aí que o homicida confessou ter matado Maria Teresa de Resno.
Segundo o criminoso, ele acompanhou Teresa de longe até a casa de Baco-Baco. Durante uma discussão entre os dois, ele teria agredido a vítima, momento em que ela caiu no terreno ao lado da propriedade. Logo após, o suspeito pegou um pedaço de pau e desferiu contra Maria pela primeira vez, momento em que a prótese teria caído. Depois continuou batendo nela já desmaiada ao solo, antes de soltar a arma do crime e fugir.
O homem ainda confirmou que a vítima teria gritado antes de morrer: “Baco-Baco, socorro! Me ajude, Baco-Baco”. O motivo do crime, conforme o relato do homicida, teriam sido desentendimentos entre a vítima e seu namorado. Segundo ele, Maria Teresa o estava pressionando demais e isso teria lhe irritado.
A PRISÃO DO CRIMINOSO E A LIBERDADE DO INOCENTE
Depois da confissão, o criminoso teve sua prisão decretada e cumprida. Ele deverá esperar pelo julgamento, por homicídio qualificado, representada pela Delegacia de Homicídios da Polícia Civil de Vilhena.
Baco-Baco, depois de esclarecidos os fatos, foi liberado e inocentado. Em depoimento, o homem teria informado que teve medo em contar quem teria sido o autor do homicídio, pois temia que o assassino o matasse também (dada suas condições de saúde).
OS AGRADECIMENTOS
“Eu quero destacar os agradecimentos ao destacamento da Polícia Militar de Novo Plano, ao comandante de lá e todos os demais policiais, pelo pronto apoio que foi prestado à Polícia Civil. E não foi só no dia, foi antes principalmente. A atenção, o carinho, a dinâmica, a logística… não teve nenhuma restrição, pelo fato de sermos de outra instituição. Foi algo que ficará para a memória”, comentou Núbio Lopes.