O ano de 2020 está levantando muitas situações na área da Educação, entre elas, a desigualdade e insegurança em relação ao futuro dos pequenos alunos. Nas últimas semanas, vem crescendo entre pais um movimento intitulado “encerramento das aulas já”. O texto é copiado e compartilhado no perfil de várias mães, no aplicativo Facebook.
O assunto levanta diferentes opiniões entre os responsáveis pelos pequenos. De um lado estão mães como *Andreia, que defende o retorno dos pequenos à rotina normal de estudos. Ela justifica o apoio, pelo fato de se sentir muito sobrecarregada com a carga diária intensa desempenhada durante o período de pandemia. Com três filhos em casa, *Andreia precisa trabalhar fora do lar, ser dona de casa e acabou se tornando professora nesses últimos meses das três crianças.
Para ela, com o retorno das aulas presenciais uma parte dessa sobrecarga seria aliviada. Além disso, *Andreia considera o Ensino À Distância (EAD) falho, pois observou nessas últimas semanas pouca absorção do conhecimento por parte de seus filhos. “Eles não estão aprendendo da forma como deveriam, o ano está passando por eles”, afirmou.
A professora da rede municipal *Anne, também concorda com os desprazeres do EAD. Mesmo não defendendo a bandeira do retorno presencial, ela critica a forma como os estudantes estão precisando lidar com os conteúdos passados. “Acho interessante e válido que a gente busque uma forma de manter o vínculo das crianças com a escola/educação. Mas, não da forma como estão fazendo. Com a preocupação única de garantir o ano letivo. Minha filha que está no 2º ano do fundamental I, com essa programação vai passar automaticamente para o 3º ano. Ela tem sorte, tem uma mãe professora, boa internet e muito material de apoio, mas e a criança que não tem? Vai criar uma base para o próximo ano como?”.
Anne defende um EAD diferente. A professa afirma que não há possibilidade para um retorno presencial, devido à existência da Covid-19 ainda ativo na sociedade. Mas, uma alternativa para a situação seria investir em um EAD voltado para a manutenção do relacionamento entre alunos e instituição de ensino, buscando atividades diferenciadas com jogos, práticas de leitura, etc. Isso evitaria uma perda de conteúdos necessários para a formação de alunos que, por exemplo, estão em processo de alfabetização.
PREOCUPAÇÃO ENTRE MÃES
Muitas mães vilhenenses estão preocupadas com a forma de distribuição dos conteúdos estudantis. *Cláudia relatou ao Folha de Vilhena que na última semana seu filho abriu a plataforma de estudo e encontrou uma mensagem da Direção informando de que ele poderia ser reprovado por entregar tarefas em branco.
Segundo *Cláudia, a criança usa dados móveis para ter acesso à plataforma. Isso faz com que algumas tarefas não consigam serem acessadas, e seu filho acaba ficando sem fazer. “Minha internet é muito ruim,e por isso meu filho vai reprovar?”, ela questionou. *Cláudia ainda questionou a possibilidade do retorno das aulas presenciais: “Como poderei mandar meu filho para escola no meio dessa pandemia? Vilhena teve mais aumento nos casos de Covid-19, e aí, como fica?”.
A preocupação é refletida por inúmeras mães, como a empresária Carol Andreazza, que publicou em suas redes sociais um desabafo. Ela disse que é impossível acreditar que as crianças usem mascara na escola. “Além disso, restam apenas 3 meses para o fim do ano letivo”.
Várias outras mães insistem no movimento “encerramento das aulas já”, para que o ano letivo de 2020 seja cancelado e retomado da ‘forma correta’ em 2021. Algumas inclusive argumentam: “prefiro que meu filho perca um ano letivo, do que eu perca meu filho para sempre”.
PREVISÃO DE VOLTA ÀS AULAS
Segundo a Secretaria de Educação de Vilhena, não há previsão para o retorno das aulas presenciais no município. A intenção era de voltar junto com as datas divulgadas pelo Estado, mas uma reunião ainda deverá acontecer para discutir se a opção é válida ou não.
CASOS QUE AUMENTAM
Nessa terça-feira (04 de agosto), a Prefeitura de Vilhena divulgou novo boletim epidemiológico. Segundo as informações, a cidade registrou mais dois óbitos de vilhenenses por Covid-19, e outros 71 novos casos identificados. Até o momento, já se somam 1.674 casos confirmados, 1.201 recuperados e 23 óbitos.
*Todos os nomes registrados na matéria são pseudônimos utilizados para preservar a identidade das entrevistadas.