A Comissão de Saúde, Previdência e Assistência Social se reuniu nesta terça-feira (18) para discutir a situação da crise da saúde nos municípios do interior de Rondônia. A reunião contou com a presença de uma comitiva do município de Buritis composta pelo prefeito, Ronaldi Rodrigues de Oliveira, a secretária de saúde, Altina de Morais Martins e o coordenador do Núcleo da Atenção Básica da Saúde, Fernando da Silva. Além disso, estiveram presentes a presidente do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde de Rondônia (Cosems/RO), Vera Lúcia Quadros, o vice-preisdente, Rubi Ferreira Cosa, o presidente do Sindicato dos Profissionais em Enfermagem de Rondônia (Sinderom), Charles Alves de Oliveira, e o enfermeiro Roberto Dilamite Souza.
Na ocasião, foi discutida a falta de leitos para o combate ao novo coronavírus nos municípios do interior, especialmente na macrorregião II. Segundo os participantes, o Governo do Estado investiu apenas na contratação de leitos clínicos, mas ainda estão faltando leitos de UTIs para atender toda à demanda dos municípios.
O deputado Chiquinho da Emater (PSB) chamou atenção para o fato de que o governo direcionou todos os esforços para o enfrentamento da Covid-19 e esqueceu do atendimento à outras enfermidades. Segundo o parlamentar, é preciso que o governo se organize para poder retomar as cirurgias eletivas no estado.
“Antigamente tínhamos filas de ônibus que chegavam todos os dias trazendo pacientes à Porto Velho. O que aconteceu com essas pessoas que precisavam de tratamento?”, questionou o presidente da comissão, deputado Adailton Furia (PSD). Segundo ele, o governo colocou médicos especialistas para atender aos enfermos da Covid-19 por ser mais cômodo e é preciso que esses profissionais retomem os atendimentos de suas especialidades.
A presidente do Cosems, Vera Lúcia Quadros ressaltou a importância de que o Governo do Estado trabalhe em parceria com as prefeituras e secretarias municipais. Segundo ela, os municípios estão fazendo tudo que podem para atender à demanda, mas os secretários estão sobrecarregados. “Nesse momento não podemos brigar, temos que nos unir contra o Covid”, declarou Vera Lúcia.
Em votação, os deputados aprovaram uma Recomendação Parlamentar para que o Governo do Estado amplie os leitos de UTI na macrorregião II e contrate mais médicos e profissionais da saúde para atender à região. Também foi aprovada uma Convocação para que o secretário de saúde do estado, Fernando Rodrigues Máximo, compareça à próxima reunião, no dia 25, para prestar esclarecimentos à comissão.
Recursos Humanos
O presidente do Sinderom, Charles de Oliveira, ressaltou que uma das grandes dificuldades que a saúde do estado vem enfrentando é o número reduzido de profissionais para suprir a demanda de atendimento. Segundo ele, setores que eram reservados apenas para atendimentos especializados foram transformados em centros de referência para Covid-19, levando à contaminação de muitos profissionais.
Além disso, Charles de Oliveira destacou que o governo não tem fornecido a quantidade necessária de EPIs para os profissionais que estão atuando na linha de frente. Esse fato, aliado à demora do governo em formular um plano de cargos e carreias aos profissionais que esperam há mais de 12 anos, levando a uma defasagem salarial de quase 40%, têm gerado revolta entre a categoria.
“Antigamente tínhamos casos de Covid, hoje temos nomes de colegas mortos. Todos os profissionais estão dispostos a para o atendimento se o estado não cumprir com a parte dele. Todos os profissionais estão no limite porque nosso compromisso com o Estado de Rondonia nós cumprimos”, alertou o presidente do Sinderom.
O deputado Dr. Neidson (PMN) sugeriu que seja apresentada ao governo uma proposta de parceria com os municípios para que seja feito um levantamento dos especialistas disponíveis e sejam descentralizadas as consultas especializadas. Dessa maneira, os moradores dos municípios não dependem exclusivamente da capital para o atendimento.
A presidente do Cosems também apresentou uma sugestão para que o governo contrate uma empresa terceirizada para prestar serviço nas UTIs, como foi feito em outros setores da saúde. Segundo ela, não é necessário que todos os médicos atendentes sejam intensivistas, como foi alegado pela SESAU, e que somente os chefes das equipes de UTI precisam de especialização em cuidado intensivo.