Desde março de 2020, mais de 10 mil estudantes da rede municipal de Educação em Vilhena estão em casa, devido à pandemia do Covid-19. Os impactos que a educação online tem causado no ensino à distância estão por toda parte: pais que se dizem sobrecarregados, professores que estão precisando se reinventar e alunos que não têm realizado suas tarefas.
Cerca de 7,7% das crianças matriculadas na rede municipal não estão entregando as atividades online ou impressas no prazo estipulado. São 29 escolas em Vilhena, que estão precisando inovar nas tarefas e material de ensino. A professora do 3° e 5° ano na Escola Municipal Dalila Donadon, Crislaine Fischer Tomazi (30 anos), relatou alguns dos desafios da época.
“São tantos. Ao contrário do que muitos pensam, não é nada fácil ensinar sem o contato da sala de aula. O primeiro desafio é a “Adaptação do plano de aula” – tivemos que adequar o plano de aula pensando agora se haveria possibilidade daquela atividade ser desenvolvidas em casa pelas crianças com auxílio dos pais e sem o professor, porque antes pensávamos em como nós iríamos fazer ou ensinar certo conteúdo. Agora pensamos em como ajudar o pai a ensinar”, comentou a professora.
O mesmo desafio é partilhado pelos pais, que reclamam da forma como precisam enfrentar o conteúdo para conseguir repassar conhecimento aos filhos. Alguns pais relatam que precisam estudar a apostila, aprender o conteúdo, para então ‘lecionar’ para as crianças aquilo que está sendo passado. Em muitos casos, por diversos motivos, os pais preferem realizar por conta própria algumas tarefas. Já outros, precisam se desdobrar para dar conta da situação.
Uma mãe que preferiu não se identificar relatou ao Jornal Folha de Vilhena que desde o início das aulas online, sua maior preocupação é com a forma como seus filhos estão perdendo conteúdo. “Eles não estão aprendendo direito, porque tenho que chegar em casa e dar aula de tudo que viram nas aulas online. Você auxiliar na tarefa é uma coisa, agora fazer papel de professor e ensinar tudo é totalmente diferente”, ela reclamou.
A produção das tarefas é um dos problemas também apontados pela professora Crislaine. Segundo ela, muitos professores têm dificuldades com a adaptação para uso das mídias, aplicativos e ferramentas da internet. Isso gera atritos entre o repasse de ensino e a recepção, já que muitos alunos também não têm acesso à internet.
“O terceiro desafio é separar o horário de trabalho. As horas de trabalho aumentaram e muito, não tem hora para tirar dúvida com a professora, seja de dia ou de noite as mensagens chegam. E por último o acompanhamento dos alunos, acompanhar a evolução deles é muito difícil, é diferente quando estão todos debaixo dos nossos olhos e conseguimos acompanhá-los”, concluiu a professora.
Essa dificuldade se reflete na taxa de evasão significativa dos alunos. Em explicação, a Secretaria Municipal de Educação (SEMED) informou que o Conselho Tutelar já está realizando a busca ativa dos estudantes, para que eles possam serem reinseridos nas aulas online.
Enquanto a pandemia persiste, com o cancelamento das aulas presenciais, pais, alunos e professores seguem sua luta diária à procura de uma melhor forma de chegarem ao conhecimento. “Apesar de todas as dificuldades ser professor, ainda vale muito a pena. Temos a possibilidade de marcar a vida dos nossos alunos, de sermos lembrados para sempre pelos conhecimentos passados, por experiências vividas e pela capacidade de fazer a diferença”, finalizou Crislaine.