O secretário municipal de Saúde, Afonso Emerick, explicou em detalhes nesta segunda-feira, 06, como estão funcionando os leitos de UTI da Central de Atendimento à Covid-19, anexa ao Hospital Regional de Vilhena. No local funciona a maior estrutura municipal de atendimento ao novo coronavírus no Estado, atualmente com 36 leitos, sendo 10 de UTI com respiradores aptos para receber pacientes graves e outros 26 leitos de enfermaria, em isolamento.
De acordo com o secretário, a Prefeitura dispõe atualmente de 10 leitos de UTI em funcionamento. Esse número poderá aumentar em até 60% nos próximos dias, com a instalação de novos respiradores já em posse da Saúde. “Temos, ao todo, 30 respiradores para covid-19 em Vilhena. No entanto, cinco destes são portáteis. E devido a seu tamanho e capacidade, só podem ser utilizados no transporte de pacientes e não são para UTI. Dos 25 restantes, nove são do tipo monovia e não são capazes de atender um paciente com covid-19 de maneira adequada. Isso inviabiliza seu uso na UTI da Central. Portanto, nos restam 16 respiradores de grande porte capazes de inflar a contento os pulmões dos pacientes com covid-19. Destes, dois estão em manutenção e quatro, que recebemos na última terça-feira, aguardam a chegada de bombas infusoras e monitores de sinais vitais, o que deve acontecer nesta semana”, detalha Afonso.
RESPIRADORES DO HRV
O Hospital Regional de Vilhena (HRV), desde o início do enfrentamento à covid-19, oferece seis respiradores de grande porte para a Central. Devido à intensidade do uso, dois destes que são antigos, estão em manutenção para que, se for possível o conserto, voltem a funcionar na UTI, porém ainda não há prazo para tanto. Assim, dos seis há atualmente em funcionamento na UTI da Central quatro respiradores da Prefeitura.
DOAÇÕES
Até o momento Vilhena recebeu apenas cinco respiradores por meio de doação. Estes foram entregues pela cooperativa de crédito Sicoob Credisul, que buscou em diversos municípios e estados do país durante dois meses a disponibilidade dos equipamentos. Adquirindo cada um por cerca de R$ 45 mil, a cooperativa se esforçou, junto da equipe médica do HRV, em buscar aparelhos para compra imediata. Até mesmo um avião foi colocado à disposição para fretar os aparelhos, caso fosse necessário. Pagando cerca de quatro a cinco vezes mais do que o preço em tempos normais, a cooperativa adquiriu cinco respiradores, entregues no dia 15 de maio.
De acordo com o vice-diretor clínico do Hospital Regional de Vilhena, André Oliveira, porém, os aparelhos recebidos do Sicoob Crediisul, todos do tipo monovia, não apresentaram capacidade suficiente de potência no bombeamento do oxigênio nos pulmões de pacientes com covid-19, que, diferentemente de outras doenças respiratórias comuns, sofrem de uma intensa inflamação pulmonar que enrijece todo o órgão, o que exige aparelhagem de oxigenação de grande porte e potência para manter a oxigenação adequada.
“Buscamos formas de adaptar os aparelhos, pois foi realmente muito difícil de consegui-los. Porém, as tentativas foram infrutíferas. Precisamos de respiradores fortes de duas vias, uma para levar o oxigênio e outra para tirar o gás carbônico. Os aparelhos simples, monovia, como esses cinco doados, são capazes de fazer a oxigenação não invasiva, com máscara de respiração, o que foi constatado que não é suficiente para os pacientes graves de covid-19, infelizmente. Portanto, esses cinco não podem ser usados na UTI da Central”, conta o vice-diretor clínico do HRV.
REPASSES
O Governo Federal repassou 15 respiradores para o Município, sendo cinco destes entregues através do Governo do Estado. Dos 15, cinco são portáteis e tem capacidade de uso apenas por curto período de tempo durante a transferência de um paciente entre uma cidade e outra. Dos 10 restantes vindos do Governo Federal, seis estão em funcionamento na UTI da Central de Atendimento à Covid-19 e quatro devem estar aptos a entrar em funcionamento nos próximos dias vem, quando as bombas infusoras e monitores necessários chegarem.
CEDIDOS
A Unimed cedeu à Prefeitura também quatro respiradores monovia para uso temporário durante a pandemia. Assim como aqueles adquiridos pela Sicoob Credisul, os aparelhos foram incapazes de atender às necessidades de oxigenação intensa exigida pelos pacientes graves de covid-19. Portanto, nenhum destes pôde ser colocado em funcionamento na UTI da Central.
OFERTA DE LEITOS
Mesmo em face das dificuldades, o município de Vilhena é a cidade de Rondônia que criou e colocou em funcionamento através da administração municipal o maior número de leitos de UTI e de enfermaria em isolamento para pacientes com covid-19 em todo o Estado.
“Estamos também contratando quase 100 profissionais de Saúde para que tenhamos recursos humanos para operar esses equipamentos e atender os contaminados ou suspeitos na Central. Oferecemos gratificação aos que estão em maior risco, estabelecemos protocolo de testagem contínua no município e atendimento em oito unidades de Saúde da Atenção Básica, inclusive com ponto de consulta no fim de semana. O desafio é grande, mas nosso esforço é imenso. Há mais de 110 dias praticamente não dormimos, desde o primeiro caso suspeito, e isso se reflete em um dos números que estamos apresentando: nossa taxa de letalidade é de 1,1% entre vilhenenses, número baixíssimo se comparado com a situação de Rondônia (2,4%), do Norte (3,5%), do Brasil (4,1%) ou do mundo (4,7%)”, conta o prefeito Eduardo Japonês.
Semcom