Os problemas estruturais nos aeroportos estaduais fizeram com que a Azul Linhas Aéreas retirasse todos os seus voos do interior de Rondônia. Antes da pandemia de coronavírus, a companhia realizava voos diários de Cuiabá (MT) para Cacoal, Ji-Paraná e Vilhena.
Ao G1, a Azul informou nesta semana ter optado em não voltar suas operações no interior por causa da estrutura aeroportuária.
Em Ji-Paraná, por exemplo, é preciso fazer a desapropriação de um dos lados da pista do aeroporto para ser implementado o IFR, equipamento que permite o chamado voo por instrumento. Segundo a Azul, isso é fundamental para a aproximação de aeronaves no período noturno e em condições meteorológicas adversas.
O problema no aeroporto de Cacoal também se refere ao IFR. Segundo a companhia aérea, o equipamento para pouso por instrumento foi instalado há vários meses, porém ainda não teve a documentação validada.
No Cone Sul do estado, a interrupção dos voos da companhia aconteceu por outro motivo: a constante violação na cerca aeroportuária de Vilhena. À reportagem, a companhia informou que esses problemas na cerca podem permitir a invasão de animais na pista, comprometendo assim a operação segura de pousos e decolagens.
O risco de invasão de animais na pista do aeroporto de Vilhena chegou a ser alertado pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma), no início de junho, quando uma coruja ficou presa a um arame no lado do aeroporto.
Para a Azul, a retomada de suas operações no interior do estado vai depender das adequações de segurança.
“Embora as cidades rondonienses já contassem com as operações da companhia antes da pandemia da Covid-19, a falta de infraestrutura nesses aeroportos vinha trazendo dificuldades para as operações da Azul, resultando em atrasos e cancelamentos constantes”, diz a companhia.
De quem é a responsabilidade dos aeroportos?
A manutenção dos aeroportos do interior do estado é de responsabilidade do governo de Rondônia, através do Departamento de Estradas de Rodagem, Infraestrutura e Serviços Públicos (DER-RO). Em fevereiro, o DER disse que a prioridade da atual gestão é “apoiar e fomentar a aviação regional”.
Na tarde desta sexta-feira (19), o governo de Rondônia informou, via assessoria, o seguinte posicionamento sobre a violação de cerca no aeroporto de Vilhena e a possível invasão de animais na pista.
“O aeroporto de Vilhena tem uma cerca patrimonial, mas essa cerca não consegue impedir que pequenos animais invadam a imensa área do sítio aeroportuário. Nós temos ciência, tanto que estamos providenciando a construção da cerca operacional que, na teoria, dificultaria a entrada de pequenos animais no aeroporto. Além da cerca operacional e administrativa o pessoal operacional do aeroporto de Vilhena, Cacoal e Ji Paraná, realizam rondas na parte externa, interna e na pista dos aeroportos, tentando plotar algum tipo de animal para poder enxotá-lo daquele local”, diz.
Ainda segundo o DER-RO, a construção de uma cerca operacional está orçado em aproximadamente cerca de R$ 3 milhões.
À Rede Amazônica, o coordenador de infraestrutura aeroportuária do DER-RO, Eduardo Antônio Leal Fernandes, informou estar concretizando um Termo de Compromisso com a Secretaria de Aviação Civil do Ministério da Infraestrutura, o qual irá custear a construção da cerca em Vilhena.
“A cerca é importante e temos ciência da importância deste incremento e o Governo do Estado está se mobilizando para fazer isso o mais breve possível”, diz.
A reportagem entrou em contato com a Anac, para verificar se o órgão federal recebeu o pedido de reparo na cerca de Vilhena, mas ainda não obteve retorno.
Antes da pandemia de Covid-19, Vilhena, Cacoal e Ji-Paraná movimentavam cerca de 13 mil passageiros através da Azul, por mês.