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Conheça o casal de gaviões ‘contratado’ para caçar pombos e conter infestação em Vilhena


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Cratos (à esquerda na foto) e Athena são usados para capturar pombos em RO — Foto: Herbert Weil/Prefeitura de Vilhena

Cratos e Atena são dois gaviões que estão ficando conhecidos em redes sociais do estado, principalmente em Vilhena (RO). Isso porque o casal é frequentemente “contratado” para fazer um trabalho de saúde pública: a captura de pombos urbanos. O objetivo da ação é evitar a proliferação de doenças transmitidas pelos pombos.

A captura dos pombos, a maioria feita para a prefeitura, acontece através da falcoaria, uma arte milenar em que se consiste treinar e cuidar de falcões e aves de rapina à caça.

Em entrevista ao G1, o dono dos gaviões, Thiago Baldine, contou que o processo de treinar gaviões caçadores é bastante denso e demora vários meses.

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“São grandes atletas, vamos dizer assim, porque todos os dias eles precisam de treinamento para condicionamento. Eles precisam sair da luva para voar de forma vertical e capturar o pombo no telhado alto. Então o condicionamento físico precisa estar em dia. O treinamento é difícil, pois precisa entender o comportamento animal”, afirma.

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A preparação envolve ensinar as aves de rapina a atacarem seus alvos, iluminados por lanternas de instrutores. Entregar o pombo vivo após a caça é um dos destaques de Cratos e Athena.

Em entrevista, Thiago explicou como os gaviões entregam os pombos sem ocorrer o abate. “Quando ele captura, a gente oferece bastante comida em troca, para eles verem que precisam pegar o pombo e ser recompensado por aquilo. Com isso a gente dá uma quantidade pequena de comida, aí eles conseguem subir mais vezes para continuar pegando outros pombos no telhado”, revela.

Origem dos gaviões

Segundo Thiago, que também é biólogo, o Cratos tem quatro anos e meio de vida e foi trazido do Rio de Janeiro. “Ele já quase morreu nesse tempo e chegou a ficar sumido quatro meses e voltou para casa”, revela o treinador.

Já Atena era de um amigo de Thiago e tem um ano e meio de vida. “Eu comprei, pois ele tava sem tempo para treinar”, recorda.

Gaviões em casa

Enquanto não está caçando pombos, o casal de gaviões vive na casa de Thiago, em Vilhena.

“Os dois gaviões ficam no poleiro, atrelados. Tem todo equipamento para que eles se mantenham atrelados e possam circular, sempre com o pote de água do lado. Temos que ficar sempre de olho neles, pra ver se tem algum parasita ou não”, relata. Para isso ele também tem a ajuda do veterinário Luiz Gustavo Soares.

A alimentação das aves de rapina também é monitorada por Thiago. De acordo com o proprietário, os gaviões não podem ficar pesados demais, pois isso interfere na hora da caça.

“Eu alimento eles sempre à noite nos dias que eu não caço. Eles precisam de pelo menos 24 horas, ou seja, precisam se alimentar de 24 em 24 horas para que eles tenham vontade. Então se for caçar hoje à noite, por exemplo, não posso alimentar durante a manhã, mas sim no dia anterior”, conta.

Thiago diz que alimentação de gaviões é cuidada diariamente — Foto: Arquivo Pessoal

A dupla caçadora ainda é pesada diariamente, de manhã e à tarde. “A quantidade de comida é baseada no peso que eles se encontram. Quando chega na hora da caça ele precisa estar com o peso correto de voo e bem vitaminado, aí consegue ter força para subir, segurar o pombo e esperar a gente chegar para fazer a troca”, revela.

Projeto de caça feito à prefeitura

Atualmente Thiago trabalha como assessor da Secretaria Municipal de Meio Ambiente (Semma). Ele conta que fez o projeto piloto de caça, utilizando os gaviões, por causa da quantidade de pombos em Vilhena, principalmente em galpões e feiras, como no Centro.

Nas últimas semanas, mais de 200 pombos foram capturados pelo casal de gaviões em Vilhena. Depois de capturados, os pombos são levados à análise de um profissional da prefeitura, que sugere ou não a eutanásia.

“É um projeto piloto que eu fiz para prefeitura como forma de divulgação, fazendo um bem comum, pois é voltado à saúde pública. Pelo fato que os pombos transmitem 57 doenças. Mas é um trabalho também que eu desenvolvo de forma particular. Ou seja, quem tiver interesse pode contratar o serviço com o Cratos e a Athena”, finaliza.

Falcoaria

Treinar aves de rapina, como gaviões, requer paciência, conhecimento e, acima de tudo, respeito aos animais, segundo Thiago.

Durante os voos, voltar é uma escolha e nunca uma obrigação. Um antigo ditado dos falcoeiros diz que toda vez que uma ave sai pode ser o seu último contato com o homem que a treinou.

Falcoeiros também dizem que a falcoaria permite uma maior conscientização das pessoas sobre essas aves. Muitas vezes, uma aparente agressividade, esconde um animal dócil e inteligente que apenas responde aos seus instintos.

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