Para ouvir as demandas dos municípios, em relação ao enfrentamento da pandemia do Coronavírus (Covid-19), o presidente da Assembleia Legislativa, Laerte Gomes (PSDB), comandou na tarde desta segunda-feira (30) uma videoconferência com a participação de prefeitos e secretários municipais de Saúde, que relataram as dificuldades e pediram que os deputados intercedessem por uma maior aproximação do Governo do Estado, através da Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), com as prefeituras.
“A nossa intenção foi ouvir diretamente dos municípios a realidade que é enfrentada hoje, para que possamos, junto ao Governo, fazermos os encaminhamentos possíveis, para que sejam assegurados os testes e o tratamento aos pacientes, a proteção aos profissionais de saúde, investimentos para a interiorização do atendimento, ajustes na regulação dos pacientes e no transporte, entre outras demandas que foram apresentadas e discutidas”, detalhou Laerte.
Do encontro virtual participaram os deputados Ismael Crispin (PSB), Dr. Neidson (PMN), Chiquinho da Emater (PSB), Jean Oliveira (MDB), Marcelo Cruz (PTB), Jhony Paixão (Republicanos), Ezequiel Neiva (PTB), Jair Montes (Avante) e Alex Redano (Republicanos).
O presidente da Associação Rondoniense dos Municípios (Arom), Cláudio Santos, falou inicialmente, relatando algumas das dificuldades que as prefeituras já enfrentam. “Os municípios, até o momento, não foram instruídos, preparados pela Sesau no tocante aos procedimentos para enfrentar essa grave pandemia. Ou seja, ainda não são conhecidos os procedimentos, no caso de se identificar um caso suspeito. Como se faz essa regulação? Manda o paciente para onde? Em que tipo de transporte, pois não pode ser de qualquer jeito, se o paciente estiver entubado. E em relação aos kits para exames? Enfim, uma série de questionamentos que preocupam a todos os prefeitos e secretários de saúde”, disse
Cláudio Santos defendeu uma maior aproximação da Sesau com as prefeituras, e para isso disse contar com o apoio dos deputados. “Temos dificuldade na compra de EPI’s e álcool gel, por exemplo, sem contra a dificuldade na aquisição de equipamentos como respiradores, em razão da grande procura por esses produtos. E na questão das UTI’S, as unidades particulares não se mostram propensas a locar seus espaços, pois se tratar pacientes com a Covid-19, não poderão cuidar dos demais. O Governo precisa assumir essa compra de equipamentos e produtos, em grande escala, e fazer chegar aos municípios”.
Prefeitos
A prefeita de Alto Paraíso, Helma Amorim, defendeu que haja uma descentralização nas ações, para contemplar os municípios com ferramentas capazes de enfrentar a pandemia. “Muitos municípios sequer tem uma ambulância em condições de transportar o paciente até o atendimento mais complexo. É preocupante. Por outro lado, na questão econômica, sobrou para o município a fiscalização dos comércios, o que na minha visão é inaceitável”, ponderou.
O prefeito de Buritis, Rony Irmãozinho (PDT), município que tem uma unidade de saúde do Estado, observou que “atendemos uma vasta região, temos dificuldade com o transporte de pacientes e carência de profissionais da saúde. Não temos estrutura para enfrentar uma pandemia e, infelizmente, há um distanciamento da Sesau com os municípios”.
Ao retomar a palavra, Laerte Gomes disse que “queremos ajudar. Já asseguramos R$ 10 milhões, em recursos economizados da Assembleia Legislativa, para apoiar os municípios nessa crise de saúde. Mas, é preciso que o Estado esteja mais presente, como condutor do processo, orientando os municípios, definindo a política de enfrentamento à pandemia. Ao nosso ver, pelo que nos foi relatado, falta mais presença, mais efetividade por parte da Sesau e isso precisa ser corrigido, ajustado”.
Secretários
A secretária de Saúde de São Francisco do Guaporé, Vera Lúcia, que preside o Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde (Cosems/RO), reforçou a necessidade de um alinhamento maior da Sesau com os municípios. “A Sesau recebeu duas remessas de kits de exames e materiais, mas isso não têm sido suficientes e nem tem chegado. Temos necessidade de EPI’s para os profissionais de saúde, mas enfrentamos dificuldades para adquirir e o Estado poderia fazer uma compra volumosa e distribuir com os municípios. Como está, a situação nos preocupa”.
O secretário de Saúde de Ariquemes, Marcelo Graeff, apresentou a sugestão de que valores excedentes de emendas parlamentares pudessem ser utilizados no combate ao coronavírus. “Hoje, os municípios estão isolados e cada um tentando, sem recursos, com dificuldades variadas, tentando fazer a sua parte, em meio às pressões de toda parte”.
A secretária de Saúde de Theobroma, Marcilene Xavier, alertou para a necessidade de um projeto do Estado, para o enfretamento do Coronavírus. “É necessário esse alinhamento, essa definição de procedimentos de atendimento. Há uma demora nos exames, há carência de EPI’s para os profissionais. Álcool em gel é caro e raro. Estamos nos sentindo perdidos”.
O secretário de Saúde de Ji-Paraná, Rafael Papa, fez um relato breve e preocupante: “hoje, estava com um paciente entubado, grave, com suspeita de Coronavírus. Ficamos por quase cinco horas tentando resolver a regulação, quando foi decidido que deveria ser encaminhado para o Cemetron, em Porto Velho. Senti na pele essa dificuldade e isso precisa ser resolvido: paciente com sintomas ou comprovado com a covid-19, para onde devemos encaminhar?”.
Laerte Gomes disse que vai buscar junto ao Governo o encaminhamento das demandas, para que a rede municipal de saúde possa receber o suporte necessário, para que os casos de Coronavírus sejam atendidos com brevidade e com a atenção que merecem.
Após a videoconferência, o presidente da Assembleia falou por telefone com o conselheiro Paulo Cury, presidente do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que anunciou que irá fazer também uma reunião virtual com os prefeitos e secretários municipais de Saúde, ainda nessa semana, com a participação do Ministério Público, para também acolher as demandas municipais relacionadas ao Coronavírus.