A denúncia de violência sexual praticada por R. J. N., 42 anos, contra a própria filha, de 13 anos, veio à público na última quarta-feira (15), após a justiça decretar a prisão preventiva do acusado. Mas o que a Polícia não sabia, era que a criança teria engravidado duas vezes do criminoso e perdido os bebês.
Após receberem a denúncia dos abusos, policiais da Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), iniciaram as investigações. A delegada Adrian Viero representou pela prisão preventiva, a justiça autorizou e os policiais cumpriram a determinação. A prisão aconteceu em uma residência, localizada na Zona Leste de Porto Velho.
Durante as investigações, o tio da criança, irmão da mãe da menina, foi chamado para prestar depoimento na delegacia. Para a delegada, o homem disse que a criança teria relatado para ele que engravidou duas vezes do pai, mas abortou. A menina chegou a falar da gravidez para outras duas tias e duas vizinhas próximas.
As investigações avançaram e uma pastora foi citada pelas testemunhas. Os policiais apuraram que essa mulher realizava uma espécie de ritual para que a criança perdoasse o pai pelo crime cometido.
Na manhã desta quarta-feira (22), a pastora prestou depoimento na delegacia. Questionada, ela disse que foi procurada pela mãe da criança pedindo ajuda e dizendo que estava ocorrendo muitas brigas dentro de casa.
A Polícia descobriu ainda, que para realizar o trabalho, a pastora cobrava uma certa quantia por cada sessão. Os policiais apuraram, através de relatos de testemunhas, que cada sessão de ritual que a pastora realizava na criança durava em média 4 horas.
Para os investigadores, as testemunhas que convivem com a vítima chegaram a relatar que em um dos rituais realizado pela pastora, a criança chegou a desmaiar e vomitar. Elas disseram ainda, que em uma das sessões, a menina viu seus pais entregarem um cartão de crédito para a pastora passar em uma máquina eletrônica.
A criança relatou ainda, que por várias vezes, durante as sessões, a pastora afirmava que tinha tirado o espirito maligno do corpo da criança.
A Polícia segue investigando para apurar outras condutas da mãe da criança e da pastora. A gravidez da menina, relatada pelas testemunhas, será investigada.
Apuração do caso
Segundo os investigadores, a vítima vinha sendo abusada pelo pai desde os 11 anos e o homem teria a proteção da própria mãe da menina. Durante as investigações, foi apurado que o homem ameaçava a filha. Segundo a Polícia, a mãe ao invés de proteger a criança, teria sido conivente, inclusive saia de casa e deixava os dois sozinhos na residência, sabendo que com a ausência dela na casa os abusos aconteciam.
Cansada de ser abusada pelo próprio pai, em dezembro de 2019, a menina não aguentou mais e contou para uma colega de escola, que levou ao conhecimento da família. No mesmo dia a Polícia Militar foi acionada, mas não conseguiu prender o acusado.
No dia seguinte, uma tia da criança levou a menina até a delegacia, ela foi ouvida pela psicóloga e contou detalhes do crime. Foi feito exame de corpo de delito e comprovados os abusos pelo médico do IML. Com isso, a delegada Adrian Viero representou pela prisão preventiva do pai da criança, o juiz autorizou e os policiais cumpriram.
Ainda durante as investigações, os policiais descobriram que o criminoso mudava de endereço constantemente, sendo acobertado por parentes dele. Preso, ele não quis entrar em detalhes e disse que iria aguardar o advogado.
De acordo com os investigadores, familiares do acusado chegaram a pressionar a criança para que ela perdoasse o pai alegando que ele estaria possuído por um espírito maligno.