Foi preso em Rondônia um homem suspeito de ser um dos maiores desmatadores do Brasil. A prisão ocorreu nesta quarta-feira (23) durante a Operação Deforest, da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público, com objetivo de frear uma organização criminosa suspeita de invasão de terras para venda e posterior extração ilegal de madeira.
Também foram presas outras 15 pessoas (entre elas empresários e policiais militares por suposto envolvimento).
O suspeito foi identificado com Chaules Volban Pozzebon. A prisão aconteceu na casa dele, em Ariquemes (RO), no Vale do Jamari. De acordo com as investigações, Chaules tem cerca de 120 madeireiras espalhadas pela região Norte em nome de laranjas.
Segundo o promotor de Justiça Marcus Alexandre de Oliveira Rodrigues, Chaules Volban, como líder, teria constituído uma espécie de milícia no campo armado.
“E colocaram policiais militares, capangas armados, que faziam cobrança de pedágio, intimidavam, extorquiam e ainda colocavam aquelas pessoas que eram posseiros da terra para fora daqueles lotes”, disse.
“Ninguém tem tanta ligação com madeireiras, com dezenas, mais de uma centena como ele que se tem notícia”, detalhou o promotor.
A defesa de Chaules Volban Pozzebon informou que não irá se pronunciar no momento sobre a prisão por ainda não ter tido acesso aos autos do inquérito.
Operação Deforest
Os mandados de prisão foram expedidos para Ariquemes (RO), Cujubim (RO), Monte Negro (RO), Porto Velho (RO), Manicoré (AM) e Araçatuba (SP).
A ação da PF é resultado de um inquérito iniciado em junho deste ano pelo Ministério Público de Rondônia (MP-RO), que descobriu a prática dos crimes de homicídio, extorsão, lavagem de dinheiro e ameaça.
O procedimento do MP apurou que a organização criminosa tinha uma estrutura armada para resguardar os interesses fundiários do líder do grupo se valendo do poder econômico e dos cargos ocupados nas forças de segurança para intimidar moradores da região.
Conforme as investigações, a organização criminosa é composta por empresários, policiais, pistoleiros e outras pessoas que intimidavam e ameaçavam agricultores da região de Cujubim. O objetivo era tomar a posse de terras na região conhecida como “Soldado da Borracha”.
De acordo com a PF, a Justiça Estadual expediu 16 mandados de prisão preventiva e 22 mandados de busca e apreensão. Cerca de 150 policiais estão envolvidos na operação.
O nome Deforest é uma referência à prática de desmatamento ilegal, que segundo a PF, era um dos principais objetivos dos criminosos após tomar a posse das propriedades rurais.