As mais de 4 mil toras e 2 mil pedaços de madeira que foram apreendidos na Operação SOS Karipuna, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em junho deste ano, foram doados a órgãos municipais, estaduais e federais em Rondônia.
Segundo informações da PF, até a última segunda-feira (8), militares do Exército estavam no local das apreensões, na Terra Indígena (TI) Karipuna em União Bandeirantes, para garantir que as toras e madeiras serradas não fossem furtadas ou danificadas.
Como a partir dessa parte houve a necessidade de um efetivo reduzido no local, responsáveis pelos órgãos envolvidos na operação definiram, em reunião, que a madeira deveria ser destina com grande agilidade.
De acordo com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), a madeira apreendida tem um valor estimado em R$ 3,2 milhões, sendo que o órgão não conseguiu estimar o preço de algumas mais raras, que não existem para comércio, como a Cerejeira.
Órgãos que recebem doação de madeira:
Polícia Militar
Polícia Federal
5º Batalhão de Engenharia e Construção
Comando da 17ª de Infantaria de Selva
Prefeitura Municipal de Urupá
Prefeitura Municipal de Corumbiara
Prefeitura Municipal de Porto Velho
Prefeitura Municipal de Alto Paraíso
Superintendência do Iphan de RO
Superintendência Estadual de Patrimônio e Regularização Fundiária
Reserva Biológica do Rio Jaru
Associação Novo Encanto de Desenvolvimento Ecológico
Associação dos Ferroviários da Estrada de Ferro Madeira Mamoré
Operação
No dia 17 de junho, duas operações foram deflagradas na TI. As ações, chamadas de S.O.S Karipuna, têm o “objetivo de desarticular organizações criminosas instaladas” na região da aldeia. Uma das ações investiga o loteamento e comercialização ilegal de glebas no interior da Karipuna.
Nesta ação são cumpridos quatro mandados de prisão temporária, cinco de prisão preventiva, 15 mandados de busca e apreensão, além de outras 22 medidas constritivas como quebras de sigilo bancário, suspensão das atividades e lacração de estabelecimentos, e sequestro de bens dos investigados até o valor de R$ 46 milhões.
Segundo a PF, investigações comprovaram que um grupo criminoso vinha usando uma associação e uma empresa de georeferenciamento para “iludir supostos compradores de lotes no interior da Karipuna”, onde faziam promessas de regularização dos terrenos.
A segunda operação na aldeia investiga esquema ilegal de obtenção de créditos virtuais para a comercialização de madeira extraída, por meio do Sistema de Emissão de Documento de Origem Florestal (Sisdof). Estão sendo cumpridos seis mandados de prisão preventiva e 21 mandados de busca e apreensão.
A PF diz que na região foi descoberto uma sub-exploração dos Planos de Manejo, em especial aqueles homologados nas divisas de Terras Indígenas e de Unidades de Conservação.
Terra Karipuna
A terra indígena Karipuna é formada por uma área de proteção federal de 153 mil hectares. O local foi homologado em 1998 e, atualmente, existem cerca de cinco famílias morando na aldeia, o que representa cerca de 35 indígenas.
A aldeia está localizada no noroeste de Rondônia, dentro da faixa de fronteira, abrangendo os municípios de Porto Velho e Nova Mamoré.
Segundo a PF, nos últimos anos a região registra intensa atuação criminosa de madeireiros e grileiros, sendo constatado que 11 mil hectares já foram destruídos pelos criminosos.